Réplicas em vidro

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O jeito tímido de Laércio Stancari na verdade esconde um artista. Toda sua criatividade vem do seu aguçado senso de observação e um dom nato para cálculos e medidas. Laércio é um artesão de arte em vidro, sem ter nunca feito um curso sobre o assunto. Castelos, réplicas de monumentos ou criações próprias, tudo é possível para ele a partir de pedaços de vidro. No começo ele fazia suas artes com papel higiênico molhado que, quando secava, ficava como cimento. “Aí pensei em trabalhar com argila, mas muita gente já faz isso”, conta o artesão. Ele optou por um material mais difícil para trabalhar, o vidro. “Fica mais fácil para vender porque é novidade”. Além de criações próprias, como casinhas, igrejas e carrinhos, Laércio aceita encomendas. As pessoas apresentam uma foto do que querem ou ele mesmo vai até o lugar e fotografa, às vezes, de vários ângulos, para não perder nenhum detalhe. Depois tira as medidas, faz uma escala reduzida e começa o processo de montagem. Em muitos casos, demora meses para terminar o trabalho. Por isso, quem faz o pedido tem que ter paciência para ver o trabalho pronto. “Agora estou com uma encomenda de um delegado. Ele quer uma viatura de polícia”, diz. E completa: “Tudo que tem curva é mais difícil, por isso vou demorar um pouco”. Laércio é segurança de uma escola de inglês na Vila Leopoldina, das 13 até 21h30, por isso ele trabalha um pouco de manhã e depois do trabalho, avançando a madrugada nos vidros. Nos finais de semana chega a ficar até 16 horas em cima de uma escultura. A escola também ajuda deixando suas obras expostas na recepção. Ele mede, corta, lixa, limpa, cola, tudo sozinho. “Tentei ter ajudante, mas as pessoas não têm paciência”, explica Laércio. Os vidraceiros não acreditam que ele consegue cortar o vidro tão fino, pensam que ele usa máquina, “mas uso cortador de vidro comum”, garante ele. Numa casinha vão 101 pedaços de vidro e ele demora dois dias para fazer. O castelo medieval que ele viu em filmes tem 1.516 pedaços e demorou cinco meses para ser feito. A Torre Eiffel demorou quatro meses e consumiu 811 vidrinhos. A simpática igrejinha demora “apenas” 45 dias. Ele ainda tem réplicas interessantes: do Arco do Triunfo, do Big Ben, de um condomínio na Zona Sul em que ele usou 5 mil pedaços de vidro e de uma casa na Lapa que ele acha linda. Laércio faz peças únicas, que não estragam nunca. “Por isso escolhi esse material”, diz ele.

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