Futebol na veia

0
1481

Foto:

Evair Paulino

Ex-jogador de futebol de sucesso, com muito faro para fazer quase 300 gols na carreira, Evair Paulino, mineiro de Crisólia, distrito de Ouro Fino, começou sua carreira em 1980, no Guarani, de Campinas, onde ficou por seis anos. 

Depois vestiu a camisa de vários times brasileiros – Palmeiras, Vasco da Gama, São Paulo, Atlético (MG), Coritiba e Figueirense, onde encerrou a carreira em 2003. No exterior, jogou no Atalanta, da Itália, e no Japão, no Yokohama Flügels. Pela seleção brasileira, jogou 24 jogos e fez 6 gols. Hoje, trabalha como técnico de futebol, atualmente sem clube. Esta entrevista foi feita em sua casa, no Alto da Lapa. Aqui, Evair conta sua história com a bola, entre outros assuntos.

Conte como começou sua carreira?
Jogar futebol era um sonho de criança. Comecei no Guarani, aos 14 anos. Fiz vários testes, incluindo Guarani e São Paulo e não fui aprovado. Meu começo mesmo foi num amistoso que o Guarani fez em Inconfidentes, cidade próxima à Ouro Fino, e eu joguei pelo Guarani. Ganhamos de 3 a 0 e eu fiz os três gols. Aí o pessoal mandou buscar a mala e passei a treinar em Campinas.

O futebol de hoje e do seu tempo mudou?
É diferente, claro. As cobranças hoje são maiores. Antes, era mais direcionada. A imprensa, por exemplo, entrevistava o jogador logo na saída do treino. Hoje, é melhor para o jogador. Dá tempo de pensar e esfriar a cabeça. O futebol tem muita gente ganhando dinheiro, tem muito de negócio, atualmente. No meu tempo, o assédio da imprensa era muito grande e não era organizado. Hoje, além das mídias tradicionais tem o pessoal dos sites e de blogs, além dos canais a cabo. A presença de agentes de futebol existia e como o futebol virou um negócio, mais ainda. Mas essa blindagem na equipe é boa para o jogador que fica mais concentrado e tranquilo.

Que sensação você teve quando foi chamado pela primeira vez para a seleção?
É uma sensação muito gostosa. Pensei: ‘fui convocado para defender a melhor seleção do mundo!’ Isso mexe com o ego de qualquer pessoa. É um reconhecimento e tanto.

Que lembranças você tem da seleção?
Pela seleção ganhei o torneio Panamericano em Indianápolis (EUA), em 1987. Fiz o gol do título e desde então o Brasil nunca mais ganhou o ouro no futebol. Faltou ir à Copa de 1984, nos Estados Unidos. Eu tinha participado de todas as partidas das eliminatórias e estava confiante, e não ter sido chamado foi uma surpresa nada agradável.

Scolari é o técnico ideal pra seleção?
Neste momento, é o técnico ideal.

Ficou faltando quais jogadores?
Talvez o Lucas, do Paris Saint-Germain, e o Kaká, do Milan.

Em que equipes você está apostando?
Brasil, Alemanha, Itália, Argentina e Espanha. Acredito que o Brasil é o favorito.

Vai assistir aos jogos da Copa?
Ainda não consegui ingresso mas pretendo ir na estreia, na Arena Corinthians.

Qual a final dos seus sonhos?
Se pudesse escolher, seria Brasil e Uruguai, mas acho que os cruzamentos não batem e não teremos essa final. Seria uma forma de dar o troco de 1950.

E qual jogador promete arrebentar?
Acho que Messi deve jogar mais do que em 2010. A Argentina chegou à Copa com facilidade e deve ser o momento dele. Cristiano Ronaldo é um craque, mas acho difícil que Portugal vá longe.

Por que há violência nos estádios?
Sempre existiu a rivalidade entre as torcidas. Ultimamente piorou e se tornou mais violenta. Quando eu jogava, nem punição havia para as torcidas. Hoje, apesar das punições, ainda não são suficientes. A cobrança violenta por parte das torcidas aumentou e a gente vê que são cobranças orquestradas. Elas, as torcidas, não respeitam nada e ninguém, infelizmente.

Você vai aos estádios?
Gosto e vou assistir jogos sempre que posso. Vou ao Canindé e ao Morumbi onde tenho lugar garantido.

Como era sua relação com as torcidas?
Sempre tive uma boa relação com as torcidas nos times em que joguei, felizmente.

O que ficou dos times que você defendeu? Virou torcedor de algum deles?
Nunca fui torcedor fanático. Entre os times que defendi, o Guarani e o Palmeiras são duas equipes que sempre terei simpatia. Mas isso não me impediu de trabalhar como auxiliar técnico na Ponte Preta, que é o grande rival do Guarani. A torcida da Ponte no início achou estranho e como a cidade é menor, a rivalidade é maior. Mas o tempo foi passando e tudo foi se ajeitando.

E pelo Palmeiras?
Fiquei quase cinco anos lá. Entre os títulos, ganhamos a Libertadores em 1999, que foi emocionante. Marquei 127 gols pelo time e sou um dos maiores artilheiros da história do clube. Acho que a Arena Palmeiras precisa ser inaugurada logo. Faz falta não ter um estádio próprio. Principalmente neste ano do centenário do clube.

Desde quando você mora no Alto da Lapa? Quais são suas impressões?
Acho um lugar excelente. Quando cheguei aqui, em 1995, muita gente dizia que era um bairro de velhos e que ninguém queria morar por aqui. Havia casas abandonadas. Hoje, a região está bem valorizada e muita gente quer vir para cá. É uma zona onde não pode se construir prédios. Por aqui, vou com certa frequência ao Parque Villa-Lobos, que fica próximo, e também fazer caminhadas ou assistir a algum jogo no Pelezão.

Você ainda joga futebol?
Sim, mas vou operar o joelho. No profissional, você faz um grande esforço físico, que deixa sequelas. E como centroavante, quando jogava na Itália, tive uma fratura no tornozelo que me deixou um tempo parado. 

É difícil parar de jogar futebol?
A carreira de jogador é curta. Poucos conseguem chegar aos 40 anos jogando em alto nível, como é o caso do goleiro Rogério Ceni, do São Paulo.

E como foi a transição de jogador para técnico de futebol?
Quando encerrei a carreira, já tinha feito alguns cursos de treinador e estava preparado para essa nova atividade. Nunca quis ser agente de jogadores. Sempre gostei de estar no campo. Já tive algumas participações como comentarista, mas gosto de poder ensinar aquilo que fiz a vida inteira. Isso não quer dizer que todo jogador de futebol é um excelente técnico. Nem todos os jogadores enxergam um posicionamento tático e têm a capacidade de formar uma equipe…

Pretende ser treinador da seleção?
Não tenho essa pretensão, não.

Qual foi o melhor técnico com o qual você trabalhou?
O Vanderlei Luxemburgo, com certeza.

O que você acha do Brasil sediar a copa?
Acho que o mesmo dinheiro que o país está gastando com estádios deveria gastar com educação e saúde. Poderia até fazer o mundial que qualquer brasileiro se sentiria orgulhoso. Mas esperava que a saúde e a educação no Brasil não estivessem na situação que estão. Para onde vão esses bilhões? Poderiam estar em hospitais e escolas.

www.facebook.com/EvairOficial

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA