Uma grande inspiração

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Koji Teramito, morador da Vila Leopoldina, hoje com 80 anos, é campeão de patins de velocidade e mostra que tudo é possível quando se tem vontade e persistência.

A história do filho de imigrantes japoneses, Koji Teramito, foi descrita no livro “A Vitoriosa Trajetória de Koji Teramito”, escrito pela jornalista Solante de Moraes e lançado em 2017. O grande diferencial dessa história, entretanto, não é nem o fato de seu personagem principal ter sido muito pobre e superado todas as intempéries da vida… o grande diferencial é ser uma trajetória inspiradora, tanto para jovens quanto para adultos de diferentes idades, que acham que envelhecer é deixar de lado seus sonhos e desejos. Koji, hoje com 80 anos, prova que envelhecer pode sim ser maravilhoso, quando se junta persistência, vontade e uma certa teimosia. “Enquanto eu conseguir, eu vou continuar, independente do médico (ele venceu um câncer aos 45 anos e uma cirurgia no coração aos 66 anos e foi proibido pelo cardiologista de fazer exercícios e patinar). Se a gente não fizer nada depois da aposentadoria, não vai ter amigos e vai ficar cada vez pior. Patinando, eu encontro gente nova e esses contatos me trazem mais alegria”, declara à reportagem.

Morando há 50 anos na Vila Leopoldina, Koji não tem aquele saudosismo triste de muitas pessoas… Ele gosta das mudanças que a vida traz. Claro que ele tem um grande respeito por quem já passou por sua vida, por seus antepassados, amigos e vizinhos que já não estão mais com ele, mas a sabedoria com que trata o tempo presente é algo que deve ser compartilhado e admirado. Sua família é a sua base e sua grande inspiração. Formada por sua esposa Noêmia, com quem se casou em dezembro de 1967 (e que no livro descreve como “sua alma gêmea”), por seus três filhos, Márcio, Marcos e Marcelo, nascidos entre 1968 e 1971, e aos quais chama de “príncipes”, e de por seus netos, Amanda e Kenzo, seus grandes amores, que nutrem pelo avô uma grande afeição…, eles sempre deram suporte a Koji, apoiando-o em todos os momentos, bons e não tão bons assim.

Entre os bons momentos, Koji descreve a descoberta de sua paixão mais recente: os patins. “Foi num domingo de sol, em 1997 (quando ele tinha 60 anos). Estava no Parque Villa Lobos e vi que estava acontecendo em campeonato de patins de velocidade. Perguntei se poderia participar da equipe e fui aceito. No dia seguinte, uma segunda-feira, já me filiei e comecei a treinar”, conta.

Koji, que já havia sido campeão de corrida da zona Sudoeste do Estado de São Paulo aos 18 anos de idade (na época, ele morava em Piedade, interior do estado), tinha certa experiência com atividades físicas, entretanto ficou anos apenas trabalhando para sustentar sua família, quando esta começou a aumentar. Sem muito tempo para sua própria saúde, sem se exercitar, Koji adoeceu gravemente por duas vezes e hoje vê que isso quase o “tirou de circulação”. Como citado no capítulo 8 de seu livro, “a vida passa muito rápido, hoje Koji ensina os mais jovens que nunca podemos nos descuidar da saúde.”

Voltando aos poucos a treinar e superando os obstáculosa a cada dia, Koji em sua primeira corrida levou a medalha de prata para casa e se filiou a outras equipes de patinação, como a Night Rollers, São Bernardo Hoquei Club e Palmeiras. Aos 64 anos começou a participar de corridas da Corpore e seus treinos foram se intensificando. Participou de maratonas, corridas maiores e, novamente, aos 66 anos, foi parar no hospital para passar por cirurgia cardíaca. Ele colocou três pontes de safenas e uma mamária em seu coração, mas isso não tirou seu ânimo, nem sua garra. “Se eu tivesse obedecido o médico, já tinha parado há muito tempo… Mas sou muito insistente e agora sei que estava certo (citando um novo estudo que comprova que o coração vai fazendo novas veias quando incentivado por práticas esportivas).”

Em 2011, Koji entrou para a equipe que está hoje: a Gotcha Roller Team. Já com muitas competições no currículo e muitas medalhas e troféus ganhos em diferentes campeonatos pelo Brasil, Chile e Argentina, ele segue uma vida regrada.

Sobre a Vila Leopoldina, onde mora, só tem elogios a tecer. “Treino na Deep Blue, almoço no Yano, compra na Camila… aqui é muito bom”, finaliza. (ND)

Koji Teramito
www.facebook.com/koji.teramito
www.facebook.com/gotcharollerteam/

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