O caminho das pedras

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Jovem empreendedor da Lapa transforma pedras, metais, fios de seda, entre outros materiais, em acessórios atualíssimos e muito procurados por atrizes e mulheres poderosas. Acompanhe.

Nascido como Paulo Marcio Thiago Souza da Silva, Thiago Wolbert, hoje com 20 anos, tem um talento nato para manipular materiais e transformá-los em colares, pulseiras, brincos e outros acessórios, de modo artesanal. Suas peças caíram no gosto de atrizes, executivas e mulheres de diferentes profissões e a sua história inspira os novos talentos que, como ele, começam a profissão sem muitos recursos, mas com muita vontade de vencer.
Tudo teve início quando Thiago tinha 9 anos de idade e ia se despedir de Marinete Ribeiro, uma de suas professoras da Escola Estadual Professor Reynaldo Porchat. “Resolvi comprar umas miçangas e fazer um colar bem simples para dar para ela e foi assim que comecei a vender para outras pessoas. Essa professora me incentivou, dizendo que eu tinha muito talento e que deveria continuar”, conta à reportagem.
Thiago, que sempre morou e estudou no bairro da Lapa, começou, então, a vender as peças que produzia – muitas delas com sementes diversas e miçangas – para as cliente de sua mãe Cida Wolbert, a cabeleireira Cidinha, que já trabalhou em diferentes lugares do bairro, incluindo a ACM Lapa. “Eu avisava às clientes da minha mãe que não valia comprar só para me agradar e se não estivesse bom. Comercializava os acessórios bem baratinho, por R$ 3,00, R$ 5, 00, ou R$ 8,00, e acabei vendendo muito. Trabalhei muitas peças com semente curada… fazia conjuntos de pulseiras, colares e, depois, de forma gradativa, passei a trabalhar com cristais e com outras pedras. Há oito anos, eu só produzo acessórios com pedras, que é o material que mais gosto”, revela o artesão.
Sempre estudando em escolas públicas (E. E. Reynaldo Porchat e E. E. Romeo de Moraes), Thiago diz que tem muito orgulho dessas instituições e dos profissionais que lá trabalham. “Lá se escondem grandes talentos. O problema que vejo é que muitas pessoas que fazem escola pública acabam não tendo oportunidade profissional e muitas desistem e não correm atrás. Conheci bons professores nessas escolas, que seguem o currículo, mas que deixam as aulas mais agradáveis, abrindo espaço para que o aluno crie e realize coisas que gosta.”
Uma dessas professoras é Nina Brisotti, que continua dando aulas de Arte na escola Romeu de Moraes, e que estava presente no salão da mãe de Thiago no dia da reportagem. “Ela sempre perguntava o que nós gostaríamos de trabalhar em aula e eu adorava isso”, completa o artista.
Thiago acredita que sempre teve muita sorte desde pequeno, principalmente porque as clientes que fazia, indicavam lojas que ele pudesse vender, bazares e feiras que ele pudesse expor… desse modo, o artesão chegou a ser alvo da mídia, por volta de 2011, quando apareceu em diferentes revistas e até no programa “Domingão do Faustão”, de alcance nacional. “Naquela época, eu havia participado de uma feira… eu tinha 13 anos e consegui convencer a organizadora Beti Soares, que também tinha uma loja de acessórios, a me deixar participar do evento, mesmo sendo menor de idade (eu deveria ter 16 anos completos). Eu mostrei meu trabalho para ela e ela me ajudou muito, me fornecendo materiais e me dando um espaço lá, só pagando uma pequena taxa de participação… embora eu não tenha vendido nada naquela feira, ela me levou a fazer entrevistas para diferentes meios de comunicação e eu acabei ficando conhecido, inclusive por artistas como Marília Gabriela, Sabrina, Paola Oliveira. Gianne Albertoni, Luísa Possi, entre outras”, conta.
Desde então, o trabalho de Thiago só evoluiu. Hoje, além dos colares, pulseiras e brincos, ele produz braceletes, bolsas para festas e pulseiras para homens, mais simples, que levam couro e pedras mais escuras. O artesão diz que cada peça que faz é exclusiva, uma diferente da outra. Autodidata em tudo o que faz, ele pretende futuramente aprender ainda mais sobre os ofícios de designer, gemologia (estudo das pedras) e ourivesaria (para trabalhar com metais preciosos). Por enquanto, ele continua produzindo e expondo, inclusive salão de sua mãe. (ND)

Thiago Wolbert
Rua Cerro Corá, 1696,
Alto da Lapa
Telefone 2362-0259
e 99568-7707
www.instagram.com/
thiagowolbert

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