O cinema de Anna Muylaert

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Roteirista e diretora, tem no currículo filmes como “Durval Discos”, “É Proibido Fumar”, “Que Horas Ela Volta?” que acabou de receber o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e o recente “B”.

Anna cursou cinema na Escola de Comunicação e Arte da USP. Na TV aberta passou pela Cultura onde roterizou programas como o Mundo da Lua e Castelo Rá-Tim-Bum. No SBT, fez o Disney Club e na TVE Brasil, Um Menino Muito Maluquinho. Na TV a cabo, dirigiu episódios da série As Canalhas e fez parcerias com Cao Hamburger, Karim Ainouz e Roberto Moreira. Mas é em trabalhos onde ela faz desde o roteiro até a direção que Anna mais tem se destacado.

Moradora do Alto da Lapa desde 2005, Anna tem no currículo vários curtas premiados. “É por onde se começa no cinema. Com a conquista de prêmios que os diretores vão sendo conhecidos pelo mercado”. Foi dessa maneira que em 2002 estreou com o longa Durval Discos e ganhou o Kikito do 30º Festival de Cinema de Gramado como melhor filme e melhor diretora. Depois, vieram É Proibido Fumar (2009) e em 2012, Chamada a Cobrar. No ano de 2015, com o premiado Que Horas Ela Volta? A diretora ficou mais conhecida para o grande público daqui e no exterior. O longa foi premiado no Festival de Sundance (EUA) e no Festival de Berlim (Alemanha) com as interpretações de Regina Casé (Val) e Camila Márdila (Jéssica). Neste ano, ela lançou o longa Mãe Só Há Uma e ganhou o prêmio de melhor filme pelos leitores da revista alemã Männer.

Mas prêmio não é tudo para ela. Prova disso é que não inscreveu o longa Mãe… para ser o representante brasileiro no Oscar de 2017, em protesto às críticas de parte dos jurados às manifestações públicas contra o governo Temer pela equipe do longa Aquarius, em Gramado.

Por ser paulistana, a diretora inclui a cidade de São Paulo como cenários em seus filmes. “Acho legal a mistura o roteiro do filme com a cidade onde eu moro. É uma forma de trazer a cidade para dentro do filme, quando a ação pede”, explica. Mas conta que ainda não fez locações de seus filmes com a Lapa de cenário. “Filmei em Pinheiros (Durval Discos) e no Butantã e Jardins (Mãe Só Há Uma).”

Ela diz que o antológico filme Laranja Mecânica (1972), dirigido por Stanley Kubrick, é o seu filme preferido. “Kubrick é meu mestre e uma referência na construção de um filme”. Mas cita o cinema argentino como um dos seus preferidos. Já entre os brasileiros, Deus e o Diabo na Terra do Sol, dirigido por Gláuber Rocha (1939-1981) é “sempre lembrado por ser um filme maduro feito por um então jovem diretor”. Também cita Chuva de Verão e Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues, Santiago, de João Moreira Salles, e o recente Aquarius, de Kléber Mendonça Filho, como filmes nacionais que gosta.

Anna não acha que o brasileiro tem preconceito pelo cinema nacional, pelo contrário. Que Horas… teve mais de 500 mil espectadores e foi o filme de maior sucesso da diretora até agora. Isso lhe rendeu, e ainda rende, vários convites para participar de bate papos e palestras. O projeto CineB, que exibe filmes brasileiros por vários bairros da capital e cidades do interior é um desses debates que a diretora faz questão de comparecer. “Além de ser um formador de plateia de cinema, projetos como o CineB permitem que diretores e atores se encontrem com o público.”

Entre os projetos futuros da cineasta está a finalização do documentário sobre o período que Dilma Roussef ficou afastada do governo até a conclusão do impeachment. “Tivemos liberdade para acompanhá-la naqueles dias e agora vamos estruturar o filme para ser lançado no ano que vem.”

Um bom filme para a diretora precisa ter verdade. E é o que Anna quer retratar em seus trabalhos.

www.facebook.com/anna.muylaert

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