Bonita camisa, Seu Pedroso!

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Odiney de Oliveira Pedroso nasceu na Lapa, na Rua Jorge Smith, em 1º de agosto de 1930.

O ofício ele aprendeu com o pai, um dos primeiros camiseiros de São Paulo. A família tem como tradição essa arte. “Meu tio também era camiseiro, eu e minha irmã também aprendemos a costurar com ele. Nos tempos dourados, quando a indústria da confecção ainda não existia com a intensidade dos dias atuais, a oficina do seu pai chegou a produzir até mil camisas por mês, contou Odiney.

“Quando eu estava com 13 anos, meu pai me perguntou: você quer estudar ou quer trabalhar comigo? Eu não gostava muito de estudar, então preferi trabalhar com ele.” São sessenta e oito anos de “tesoura”, brincou.
Hoje em dia, ele trabalha menos, entra às 8 e sai às 18 horas, comentou sem fazer contas e, a lista de clientes importantes que já atendeu é nada pequena – vai de Sérgio Reis, cantor seresteiro, Flávio Cavalcante e Bolinha – ambos apresentadores famosos dos anos 1960 e 1970 – e Wando, o eterno cantor romântico idolatrado pelo mulheril, morto esse ano.

Educado, gentil, bem-humorado e tom de voz que não se altera nunca, o personagem desta edição confessadamente declara o seu amor pela vida, quando perguntado qual é o segredo que ele mantém para tanta disposição. “O meu trabalho, que adoro fazer, eu gosto da vida e ela gosta de mim”, filosofou.

Pai de três filhos, avô de cinco netos e bisavô de 4 crianças, Odiney é reconhecido não só pelo trabalho exemplar que dedica às suas camisas de corte impecável, mas também porque nutre uma paixão pela qual ganhou alguns prêmios – o último, ele mostrou à reportagem – foi no dia 25 de setembro, um dia antes da nossa entrevista, por ser um dançarino de primeira grandeza. Escola de costura não precisou frequentar jamais: “Eu trabalho pela prática e não pela geometria”, ressaltou. Atualmente, o camiseiro faz cerca de 100 camisas por mês e salienta, “a minha clientela é fora de série”!

Casado com Edice Sadine Pedroso, o Clube Piratininga é o salão preferido de Odiney, que considera um dos salões melhor conceituado da cidade. “Vou lá todos os domingos”.Perguntado sobre o quê o faz sentir saudade do bairro, Odiney é contundente: “Antigamente a gente conhecia todo mundo e hoje em dia, mais ninguém”, comentou, sem perder o sorriso.

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