A mais bonita do Brasil

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Dia 12 de setembro acontece pela primeira vez em São Paulo o Miss Universo. As mulheres mais bonitas do mundo estarão circulando pela cidade. E na Vila Leopoldina é possível cruzar com uma das eleitas como a mulher que representa a beleza do nosso país. A Miss Brasil 2010 Débora Lyra se mudou a pouco para o bairro. Modelo desde criança, foi ao participar de um concurso de beleza que descobriu sua paixão. Natural do Espírito Santo, se mudou para Minas Gerais para se preparar, onde recebeu o título de Miss Minas Gerais, até que em 2010 recebeu o título maior da beleza do Brasil. Ela acabou de entregar sua coroa, e continua esbanjando simpatia por onde passa. Conheça nessa entrevista um pouco da sua história e sobre o universo dos concursos de beleza.

Como você começou nesse mundo de miss?
Eu já participava de alguns cursos de modelo, aquela coisa bem antiga mesmo de andar com cabo de vassoura nas costas, livro na cabeça… Mas vi que aquilo não era muito a minha praia. Toda hora que tinha que entrar na passarela tinha que ser aquela coisa séria, bem modelona mesmo, e eu não gostava. Daí um belo dia, meu pai me inscreveu num concurso de beleza que se chamava Garota Aquamania, que é um parque aquático que existe em Guarapari, no Espírito Santo. Eu falei que só sabia trabalhar como modelo. E ele me disse: “a única coisa que você tem que fazer é entrar na passarela, ser bem simpática, sorrir para todos os jurados e pronto”. Me lembro que eram umas 40, quase 50 candidatas e eu acabei vencendo o concurso. E vi que era algo que me identificava porque sempre fui muito comunicativa, alto astral, falante. Comecei a pesquisar e descobri o Miss Brasil. Na época tinha 12 anos e só podia participar do Miss Brasil com 18. E falei: “quando eu fizer 18 anos, quero me tornar a Miss Brasil”. E me tornei com 21. (risos)

Apesar de você ser do Espírito Santo, você concorreu como Miss Minas Gerais.
Exatamente. Quando eu tinha 18 anos, eu participei de um concurso chamado Miss Terra Brasil. E o dono desse concurso era o José Alonso Dias, que foi o mesmo empresário da Natália Guimarães (Miss Brasil 2007). Falei para ele do meu sonho, que a minha maior vontade era me tornar Miss Brasil. E ele tinha toda uma estrutura em Dinivópolis, que fica no interior de Minas Gerais. Ele me convidou, falou que eu poderia ir para lá que ele me preparava e me ajudava a participar do Miss Brasil. E não deu outra. Acabei representando Minas e vencendo por Minas.

E para ser miss não é só sorrir. Tem a hora das entrevistas, em que as candidatas ficam nervosas. Tem muita preparação para o concurso?
Com certeza. E as pessoas que estão vendo concurso não imaginam o que se passa por trás nos bastidores. Porque as candidatas ficam ali enclausuradas durante 15 dias dentro do hotel. Então tem toda aquela questão da preparação. Os jurados estão observando-as 24 horas por dia. E estão olhando se a menina é educada, se ela sabe se portar, se sabe ir em um restaurante, se sabe dar entrevista… Eles estão percebendo tudo isso. E isso acaba contando para o resultado final.

Como foi a premiação em 2010, quando você ganhou o título?
Foi uma sensação muito boa. Com o Miss Brasil eu tive certeza de tudo o que a gente faz com amor, tudo o que a gente batalha, se Deus quiser a gente consegue alcançar. E foi o que aconteceu com o Miss Brasil.

E como foi participar do Miss Universo?
Foi uma experiência muito boa. O Miss Universo é muito mais grandioso. Tinha aqueles fanáticos que eu adorava, que a gente chama de missólogos. Eles sabiam mais da minha vida do que até eu mesma (risos). E a gente acordava cedo, umas quatro horas da manhã, para tirar foto, dar entrevistas, fazer cabelo, maquiagem, ensaios… Era super cansativo. Foram quase 20 dias bem trabalhosos, mas que eu adorei e sinto muita saudade.

Nos bastidores do concurso rola concorrência ou vocês acabam criando uma amizade?
Vou te responder por mim, porque sempre fui muito tranquila. Todas as vezes que fui para os concursos, dava o meu melhor, cada um que se preocupe com o seu trabalho e eu vou me preocupar com o meu. Se estão dizendo que a outra é a favorita, ou que a outra é mais bonita, não quero nem saber. Porque acredito que quando você participa de um concurso de beleza, sua maior concorrente é você mesma. No dia você tem que estar bem fisicamente, psicologicamente… imagina se você está lá, toda nervosa, e cai da escada. Você não vai ganhar o concurso desse jeito. Se der uma péssima resposta, não vai ganhar. Eu nunca tive esse problema de ter intrigas com alguma garota. Mas já escutei algumas coisas como “ah, rasgaram meu vestido!”, “quebraram meu salto”, isso sempre tem.

E as misses de hoje não são como as de antigamente, que tinham um estereótipo de ser só um sorriso bonito. Todo mundo estuda, se empenha. Para não ficar só na beleza e ter conteúdo também.
Exatamente. E eu acredito que até mesmo a parte do conteúdo tenha contado muito mais do que a beleza. Se você parar para pensar, hoje em dia existem tantos métodos de cirurgias plásticas. Agora imagina uma menina que não sabe se portar, que já vem tendo um quadro de dificuldade, que goste de sair de segunda a segunda… já vai ser bem mais difícil trabalhar a menina. É bem melhor ter uma menina que seja culta, independente. A gente também lida com a saudade da família, a gente está longe dos pais. Você tem que ter todo um trabalho, tanto o psicológico como o cultural. Tudo conta.

Como foi seu reinado em 2010?
A miss é toda assessorada pela Gaeta, que é a detentora do título do Miss Brasil. É ela quem procura os trabalhos. Eu tive que estar presente em todas as eleições estaduais. Estive presente em 19 estados para poder ajudar na escolha das candidatas estaduais. Fui uma das juradas, e às vezes eu ia só para coroar a candidata. Também tive a oportunidade de ir para a Copa do Mundo na África do Sul ano passado, fui para o Castelo de Caras, estive na Argentina esse ano participando do Maratoma do Faustão (da Rede Globo), fui para Las Vegas, viajei por vários países da Europa. Eu cheguei a aproveitar bastante. Fiz algumas campanhas publicitárias, alguns desfiles, presenças VIPs… era uma agenda bem lotada.

O que você achou da nova miss e de toda a premiação?
Eu já conhecia a Priscila (Machado). A gente já vem conversando há alguns meses pela internet, quando estive em Porto Alegre há uns dois meses eu estive com ela. Vi que ela era uma menina muito batalhadora. Ela já participou quatro vezes do Miss Rio Grande do Sul, uma vez no Rio de Janeiro, e ela obteve o resultado ano passado sendo Miss Rio Grande do Sul. Dava para a gente ver que ela é bem guerreira, determinada, que caso ele vencesse o Miss Brasil ela realmente iria se dedicar bastante. O Miss Universo vai ser aqui esse ano, então ela vai batalhar bastante. Estou muito satisfeita e tenho certeza de que ela vai não só me representar, mas vai representar muito bem todos os brasileiros. E tomara que ela deixe o título aqui no Brasil.

É difícil ser a Miss Brasil, carregar essa faixa?
É difícil porque a cobrança é muito grande. Eu tive um problema durante o meu reinado que eu cheguei a engordar alguns quilos e as pessoas me cobravam horrores, diziam que eu não podia. Acabavam esculachando comigo, falando coisas horrorosas… A sua responsabilidade é muito grande. Então é bem complicado carregar esse título.

Agora que você já entregou a coroa, como é seu dia-a-dia?
De manhã eu faço meu curso de apresentadora de TV, já retomei a faculdade e a tarde eu faço as coisas que tenho que fazer: academia, compras de supermercado. E estou levando uma vida normal. Às vezes tem entrevistas, trabalhos. Estou dando continuidade.

E como você veio parar na Vila Leopoldina?
Bom, eu decidi me mudar para São Paulo no início desse ano porque eu morava no Rio de Janeiro. A Miss Brasil, quando ganha, tem que morar no Rio de Janeiro. Tem um apartamento lá para ela. Decidi morar em São Paulo justamente pela carreira que eu quero seguir agora. Mas falei que não queria morar naquele núcleo do centrão de São Paulo, aquela coisa de engarrafamento, barulho, essas coisas. Queria morar num bairro que fosse mais tranquilo. E meu namorado mora aqui no bairro e toda vez que eu vinha visitá-lo via que o bairro é legal, tranquilo, tem tudo aqui por perto… E aí me mudei para cá.

Você acha que ainda existe preconceito com as misses?
Bastante. As pessoas olham e perguntam: “tá, você é Miss Brasil. O que você faz da vida?”. É aquele preconceito de achar que a gente é só um rostinho bonito, que a gente ganhou só porque a gente era bonitinha, pronto e acabou. Acredito que eu tenha conseguido acabar um pouco com isso. Porque até mesmo em todos os estados que estive, sempre fui muito simpática, muito comunicativa, sempre tratei todo mundo muito bem. E as pessoas ficaram impressionadas. Elas falavam que achavam que toda miss era metida, que não gostavam de falar, conversar. Então acho que onde eu passei, consegui mudar um pouco essa idéia.

Quais são os conselhos que você dá para as jovens que sonham um dia em ser Miss Brasil?
Acho que esse sonho está começando a voltar agora. Até uns cinco anos atrás, as pessoas falavam que ser miss era tão brega. E ultimamente eu tenho escutado bastante das meninas que sonham em ser Miss Brasil. A dica que dou é que vocês se foquem bastante, procurem alguém especializado, alguém de confiança que possa realmente te ajudar. E que foquem bastante porque é complicado, vai ser muita cobrança, muitas dificuldades, assim como em qualquer outra profissão.

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