Produtoras de audiovisual lançam cartilha contra o assédio

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Juliana Baueer, da Academia de Filmes

Produtoras de audiovisual assinaram protocolo de intenções anti-assédio, durante o Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual, realizado em junho, em São Paulo.

O movimento contra o assédio feminino teve início em 2017, quando o produtor americano Harvey Weinstein foi denunciado por ter assediado várias mulheres do cinema americano. O chefão da produtora Miramax usou e abusou de seu poder para constranger mulheres. Anteriormente ele já tinha sido acusado. Desta vez, ele não ficou impune e apesar da fama e poder foi excluído da indústria do cinema. Ele ainda responde na justiça pelas acusações. A partir daí, outros atores e diretores também foram acusados do mesmo crime. Entre eles, o ator Kevin Space (House of Cards, Beleza Americana).

Aqui no Brasil, o caso mais conhecido foi com o ator José Mayer, acusado de assédio sexual pela figurinista Su Tonani, em 2017. Ele se desculpou em carta aberta mas desde então, o ator está afastado das novelas da TV Globo.

A cartilha contra o assédio foi assinada por produtores e profissionais da indústria do audiovisual brasileiro. Entre as produtoras que assinaram o protocolo estão três produtoras com sede no Alto da Lapa e Vila Leopoldina: Academia de Filmes, O2 Filmes e Prodigo Films.

A cartilha que está disponível no portal da da Associação Brasileira de Produções de Obras Audiovisuais (Apro) – www.apro.org.br/aprodocs, para quem tem interesse. O documento estabelece regras de comportamento e visa inibir e apurar denúncias de assédio no setor audiovisual entre todos os envolvidos na produção de filmes para cinema e mídias como TV e mercado publicitário.

Além de selar a responsabilidade dos envolvidos no combate aos casos de assédio, o “Pacto de responsabilidade anti-assédio no setor audiovisual” conta com instruções sobre como vítimas, testemunhas e produtoras responsáveis por sets de filmagem devem se comportar nessas situações.

Segundo Juliana Bauer, gerente de negócios da Academia de Cinema, “Temos trabalhado cada vez mais com equipes lideradas por mulheres e projetos voltados a temáticas femininas, por isso, é muito importante cuidar das relações de trabalho, garantindo um ambiente saudável para nosso grupo de colaboradoras”.

“Assédio é algo que não podemos tolerar. A Academia de Filmes, por meio do pacto de responsabilidade, reafirma seu compromisso na luta contra essa prática”, completa Paulo Schmidt, produtor e sócio da Academia e presidente da Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais (Apro).

A roteirista Antônia Pellegrino, que faz parte da Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Cinema e curadora do blog “#AgoraÉQueSãoElas”, publicado no jornal Folha de S. Paulo, foi quem tomou a iniciativa de levar o assunto às principais produtoras brasileiras e recebeu o apoio de Marianna Souza, gerente executiva da Apro. A partir desta ação foi criado o Grupo Anti-Assédio.

Para a elaboração do texto, o advogado Caio Mariano, do escritório Cario Mariano Advogados, ajudou na redação do “Pacto de responsabilidade anti-assédio no setor audiovisual”. “Nosso objetivo principal era tratar o tema de forma direta e objetiva e não como tabu”, e lembra que a legislação brasileira sobre o assunto ainda é tímida. Para ser considerado assédio, por exemplo, os atos precisam ser cometidos por alguém em posição hierárquica superior, e isso dificulta bastante a criminalização. O advogado lembra que “A denúncia pode ser feita apenas pela vítima” e quem testemunhou um caso de assédio e quer denunciar, não consegue.

A cartilha foi lançada durante o Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual, em São Paulo. (Andreia Naomi/Divulgação)
A cartilha foi lançada durante o Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual, em São Paulo. (Andreia Naomi/Divulgação)

A assinatura do pacto foi comandada por Debora Ivanov, diretora da Agência Nacional de Cinema (Ancine), órgão oficial do governo federal que regulamenta a produção de audiovisual no Brasil. E também assinaram o documento Paulo Schmidt, presidente da Apro, Rachel do Valle, gerente-executiva da Bravi; Leo Edde, presidente do Sicav; Magda Hruza, também representante do Sicav; Simoni de Mendonça, da diretoria do Siaesp; Sonia Santana, presidente do Sindcine; Ana Souto, representante do Sated; Pedro Ribeiro, da produtora Gullane; Renata Brandão, da Conspiração Filmes; Beto Gauss, da Prodigo Films; e Andrea Barata, da O2 Filmes. (GA)

www.apro.org.br/aprodocs

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