Talento em ascensão

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Com estilo próprio, o ator e músico João Côrtes desponta como uma das novidades na dramaturgia.

O encontro do ator com uma turma de adolescentes se dá na porta do teatro da Livraria Cultura no Shopping Villa-Lobos. Todos querem fazer um selfie com o “menino ruivo da Vivo”, o personagem popular que João Côrtes interpreta na campanha onde sempre está acompanhado de lindas beldades como Grazi Massafera e Sabrina Sato, entre outras.

O curioso é que nenhum dos adolescentes sabe seu nome. Mas ele não se faz de rogado e se deixa ser fotografado pelos celulares da garotada. E os convida para o show que vai começar dentro de minutos, no qual ele será o crooner da banda Oito do Bem, criada em 2007 pelo pai de João, Ed Côrtes e por Derico Sciotti, o saxofonista do “Programa do Jô”. A banda desenvolve um trabalho musical de arranjos jazzísticos para músicas de grupos como Bee Gees e cantores como Michael Jackson, Al Jarreau, Nina Simone e outros.

“Eu e meus irmãos sempre escutamos música da melhor qualidade, por influência do meu pai”, conta João, que tem o pai músico, compositor e arranjador e os avós paternos – maestro, compositor e arranjador e a avó, cantora de ópera. Ele diz ter um gosto eclético: “Vejo beleza em todos os ritmos, mas gosto mais é de jazz, bossa nova, samba, funk americano”. E a participação na Oito do Bem é “uma grande honra e oportunidade de cantar com um grupo de músicos da melhor qualidade. Estar no palco como cantor é um desafio muito legal”, afirma.

Foi no teatro do Colégio Albert Sabin que ele iniciou a carreira de ator. “Desde criança eu queria fazer arte. Descobri que atuar era o que eu queria mesmo. Subir pela primeira vez no palco foi muito legal. Meu primeiro personagem foi o Pequeno Príncipe. Meu professor pediu para eu ler o livro, me apaixonei e fiz o papel. Naquele mesmo ano também fiz ‘A Bela e a Fera’. Era teatro amador, mas foi tão bacana que não parei mais.”

A maior experiência no palco João conta que foi através de diversas montagens que foram aparecendo, “onde aprendi muito com a vivência”. Ao mesmo tempo, fez testes para campanhas publicitárias. “Fiz filmes para Anador, Banco Itaú, Lojas Pernambucanas e em 2013 surgiu a campanha da Vivo.”

O personagem virou febre e o reconhecimento nas ruas foi praticamente instantâneo. Sobre o assédio, admite que muitas vezes “preciso dar um limite. Tem gente bacana e outras pessoas nem tanto. Tem gente que não respeita que você está fazendo uma refeição ou dormindo no avião e acorda você para fazer uma foto!” A receita para conviver com a fama é “não pensar muito nisso e se acostumar. E ficar bravo não leva a nada.”

Para não ficar rotulado apenas como o “garoto ruivo da Vivo”, João investe em sua formação de ator. Neste ano, passou quatro meses em Nova York estudando cinema. “Fiz o ciclo completo e aprendi muito sobre direção, atuação, produção e tudo o que envolve o cinema”, explica. Faz parte dos seus planos, além de atuar, fazer direção.

A rotina de ator está mais voltada para o cinema e o teatro. A televisão está nos seus planos, “se for convidado e tiver um personagem que me desafie e que seja muito diferente do que eu sou”, contemporiza. “Sei que o ritmo de novelas é muito louco, muito mais do que cinema e teatro. Mas acho interessante e quero fazer, é claro. Pelo desafio mas também pela possibilidade de ter meu trabalho de ator conhecido pelo grande público”.

Na telinha teve participações em episódios como “3 Teresas”, série que foi veiculada no canal a cabo GNT, com Denise Fraga, Claudia Mello e Manoela Aliperti. Participou de um episódio da minissérie “Os Experientes”, da Globo, onde contracenou com Beatriz Segall e foi dirigido por Fernando Meirelles, que também faz a direção dos filmes publicitários da operadora.

Tem duas experiências em cinema: a comédia “Lascados”, em 2013, foi seu trabalho de estreia. “Foi todo rodado no Espírito Santo e aprendi muito com a equipe e o elenco.” Este ano, teve uma participação no longa “Tô Ryca”, com a atriz Samantha Schmütz. E fez a dublagem do filme de animação “Reino Gelado 2”, onde dá voz a um ogro muito atrapalhado e que será lançado em breve.

Dos diretores com quem trabalhou, Fernando Meirelles é sua referência nacional. Do pessoal lá de fora, tem vários. Da turma de colegas de palco, entre os brasileiros, João cita Matheus Nachtergaele, Wagner Moura, Júlio Andrade, Selton Melo e Mateus Solano. “São ótimos”, completa. Dos estrangeiros, cita Johnny Depp e Leonardo DiCaprio, “acompanho o trabalho deles desde sempre”, diz.

DSCN3711O personagem da Vivo ele pretende continuar a dar vida, “porque é um trabalho onde tenho liberdade para criar, mas quero ser conhecido do público por outros trabalhos como ator e não apenas pela publicidade. E vale pela visibilidade e pelo lado financeiro, é claro!”

A convivência com a família é muito importante para João. Ele vive com a mãe, Letícia, educadora e pedagoga, em uma casa numa tranquila rua da Vila Romana. “Já morei em muitos lugares, no Horto Florestal, em Perdizes, no Butantã, em Osasco e agora por aqui”. O pai, até pouco tempo atrás, é quem gerenciava a carreira do filho. “Agora tenho um agente no Rio de Janeiro que cuida da minha carreira, mas meu pai sempre está me dando bons toques. Como não sei dizer ‘não’, acabo querendo fazer muitas coisas ao mesmo tempo. E não dá. Aí os conselhos do meu pai são fundamentais!” Outra coisa fundamental é a convivência com os irmãos, Gabriel, Francisco e Guilherme.

Fora do trabalho, quando a agenda permite e as viagens não o levam para longe, João gosta de curtir a natureza para relaxar e escrever, hábito que cultiva há muito tempo. “São textos que precisam ser trabalhados e muito. Por escrever sempre pensando na cena e nos detalhes, pretendo um dia dirigir.” Valente e Morena são os cachorros que João curte e dá toda a atenção quando está em São Paulo e tem alguns dias de folga em sua agenda. Esse ruivo vai longe! (GA)

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