A impressão certa

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Silvia e Alice

Conhece aquele ditado “a primeira impressão é a que fica”? Pode parecer mentira, mas como você se veste e se comporta faz toda a diferença quando você conhece alguém ou mesmo no seu ambiente de trabalho. Silvia Beraldo, que mora no Alto da Lapa, e Alice Ciampolini são consultoras de imagem. Elas sabem como ninguém o que é certo e errado na hora de escolher qual roupa para o trabalho, como se comportar e ajudam seus clientes a se conhecerem melhor e usar seu corpo a seu favor.

Como funciona o trabalho de consultoria de imagem?
Silvia – Nosso trabalho é baseado basicamente na parte de comunicação não verbal, ou seja, tudo o que a pessoa não fala mas comunica. A parte de comportamento, atitude, postura, sem falar na parte de vestuário – roupa, acessórios, cabelo, objetos que a pessoa carrega. Tudo isso comunica alguma coisa. Sempre estamos passando a informação do que a gente é ou acha que é para as pessoas. Sempre falamos que o mundo se corresponde conosco de acordo com o que ele vê. Você aliar sua imagem com aquilo que realmente é será muito importante porque você vai ter só benefícios.
Alice – É adequar e identificar os dados do cliente, pode ser ele pessoal ou corporativo, o estilo de vida, a rotina, o trabalho, a vida dele mesmo. É muito personalizado.

Como vocês começaram a trabalhar com isso?
Silvia – Sou formada em design de interiores pela Belas Artes. A estética e a harmonia sempre me interessaram. E sempre gostei de auxiliar as pessoas.
Alice – E trabalhar com pessoas. As duas têm essa particularidade. Na verdade, para fazer esse trabalho, você tem que gostar de trabalhar com pessoas que são completamente diferentes de você.
Silvia – Porque não deixa de ser um trabalho psicológico. Vamos conversar com a pessoa, precisamos conhecê-la para poder auxiliar a se vestir, comprar roupas… Não chegamos para a pessoa e falamos “você está horrível assim”. Nunca! Temos que conversar, temos um questionário superdetalhado para saber o estilo de vida, o que ela gosta e o que não gosta, qual o trabalho dela, se trabalha de salto, roupa social, fica com a mesma roupa até a noite ou troca, qual o tipo de público que ela lida…

Mas como funciona esse trabalho com empresas?
Alice – Por exemplo, uma empresa X contrata nós duas para fazer um workshop, ou uma palestra, um treinamento, para algum executivo que eles querem investir. Trabalhamos, além de toda a parte de vestuário, toda a parte de etiqueta, comportamento, quanto tempo é adequado para responder um e-mail…
Silvia – Hoje, muitas empresas buscam o dress code, que é o código de se vestir. As pessoas estão trabalhando lá e não sabem se vestir, não estão adequadas para o local de trabalho. Então contratam a gente e vamos analisar qual o código da empresa, o perfil.
Alice – E o que a empresa quer que os funcionários reflitam. Na verdade, os funcionários são o espelho da empresa. Uma pessoa que trabalha no Senac, na Natura, é diferente de quem trabalha no Itaú. Temos que entender como funciona e o que eles querem, qual a filosofia da empresa e adequar isso para os funcionários.

Vocês passam as informações para que eles tenham uma continuidade?
Alice – A ideia é que eles acabem o trabalho sabendo como trabalhar seu corpo. Se for uma mulher, por exemplo, ela vai acabar o trabalho de consultoria de imagem sabendo o que fica melhor para ela e porque fica melhor, provado no espelho, em fotos. A pessoa sai muito mais confiante. Acaba o problema de “comprei e não usei”. A maioria dos nossos clientes tem roupas com etiqueta no armário. Homens e mulheres que compram, colocam e tiram, acham lindo na loja e chegam em casa e não conseguem usar.

Qual é o erro mais comum das pessoas?
Silvia – Eu acho que é querer estar na moda, porque está na moda, é para usar. Isso é totalmente errado. Não é porque está na moda que tem a ver com você, com seu estilo de vida ou com seu corpo. O brasileiro é muito imediatista nesse sentido. A mulher acha que ela só vai estar bonita se ela estiver na moda. É totalmente o contrário: você só vai estar bonita se estiver de acordo com quem é.
Alice – As pessoas estão começando a abrir a cabeça e ir para o personalizado, o que é bom para ela. Mas ainda é totalmente moda. Diferente da cultura europeia. Moramos na Itália, fizemos cursos de consultoria de imagem lá, e é completamente diferente. Elas sabem o que funciona para elas e como usar elementos de moda que ajudem. E é isso o que a gente faz. Por exemplo, uma saia balonê na Silvia fica lindo, porque ela tem o ombro mais largo, em mim fica estranho. Se eu for usar, vou usar numa manga, num detalhe, não na saia porque eu sei que no meu corpo não funciona. Vou usar a moda ao meu favor.
Elas acabam se confundindo.
Silvia – As pessoas confundem muito o casual day. Só porque é sexta-feira acham que podem usar jeans rasgado e chinelinho no trabalho. Um advogado que trabalha de terno e gravata até a quinta, chega na sexta ele põe uma calça jeans, uma camiseta e um tênis qualquer. Não é assim.
Alice – A ideia do estilo que passamos para os clientes é que você reflita quem você é e tenha sua imagem adequada, seja no trabalho, na praia, numa festa de gala. E sem perder sua identidade nisso. Vemos muito isso em empresas. As pessoas trabalham uniformizadas, com terninhos, o ano inteiro e chega na festa de final de ano da empresa alguém aparece com um decote até o umbigo, um salto alto e um vestido de leopardo. Ela perde metade da credibilidade que criou o ano inteiro nessa noite. Se ela tem esse lado sensual, vamos colocar pitadas disso no dia a dia, respeitando o ambiente que está. Porque aí não vai criar um choque tão grande na hora que ela aparecer de leopardo na festa de fim de ano.

A primeira impressão é a que fica?
Alice – Querendo ou não, é automático no nosso organismo esse julgamento das pessoas, a primeira impressão. Você, sabendo como funciona, pode externalizar para o mundo quem você é e como quer que as pessoas te vejam. Você quer que te achem legal. Se eles estão te achando legal, é porque está funcionando. Agora, se me acham chata, é porque alguma coisa está errada.
Silvia – E você pode fazer o contrário: querer que as pessoas não se aproximem. Tem gente que dá entrevista na TV de óculos escuros, bem para ser aquela coisa distante.

São os pequenos detalhes…
Alice – A gente acha que não faz diferença, mas faz. Se eu colocar óculos, vai fazer toda a diferença com você do que falando sem. Se eu tivesse com batom vermelho ou nada na boca, é diferente, com cabelo preso ou solto… a imagem é diferente.
Silvia – São pequenos detalhes que não falam mas comunicam, a comunicação não verbal.
Alice – E postura, tom de voz. Eu sou fonoaudióloga de formação e uso a fonoaudiologia para isso. Uma das nossas perguntas no questionário é o que você acha da sua voz, você acha que ela reflete quem você é?

As pessoas têm medo de arriscar?
Alice – Elas têm pavor!
Silvia – O que mais acontece é isso. Elas querem praticidade e têm medo de errar e chamar a atenção.
Alice – Nas mulheres, é unânime a dificuldade de usar acessórios. Elas não sabem se podem usar brinco com colar, se tem que combinar o sapato com cinto e bolsa… E quando erram, todo mundo fala que ficou horrível, elas ficam com tanto medo que nunca mais usam, não ousam em absolutamente nada.
Silvia – Eu acho que a cultura do brasileiro é diferente. As pessoas querem te ver comum, como todo mundo está vestido. Se você aparece com algum cabelo diferente, com um chapéu, todo mundo vai ficar te olhando.

Mas é preciso ter dinheiro para estar na moda?
Alice – Claro que não. As pessoas acham isso, mas já montei um guarda roupa inteiro com R$ 500. É só saber procurar.

E nem ser magra e alta?
Silvia – Isso não é real. A gente consegue alongar, através de proporção e cor, e fazer a pessoa parecer mais alta ou mais magra. Tem que ter jogo de cintura e se aceitar.
Alice – Sempre é bom melhorar. Somos a favor da melhora. Mas sem sofrer.

Que dica que vocês dariam?
Silvia – Não se influenciem. Não é porque está na revista ou na TV que é bom para você.
Alice – É diferente de admirar alguém ou o estilo daquela pessoa. Se você admira a Carolina Ferraz, por exemplo, acha ela linda, impecável, mas você vai se vestir igual a ela, fazer cópia? A cópia nunca dá certo. Sempre o original é melhor. Então o bom é ser você com influências. É bom pegar influências, inspirações.
Silvia – As pessoas deveriam fazer um exercício de autoconhecimento, como a gente faz com nossos clientes. Pesquise, pegue revistas e vá recortando o que você gosta, o que não gosta e use como referência, como inspiração. Não precisa ser cópia.

Silvia Beraldo e Alice Ciampolini
Telefones 3433-7818
9655-0077 e 8289-3399
www.beraldociampolini.com.br

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