Por definição, a xilogravura é a arte e a técnica de fazer gravações em relevo sobre madeira. Depois, através de impressão tipográfica em papel-arroz, a imagem de figuras ou textos é impressa, geralmente em pequenas tiragens. Esta é a técnica preferida do artista plástico Daniel Freitas, morador do Sumaré.
Ele se define como gravador mas também faz esculturas e pinta telas. Em seu apartamento e estúdio em plena Avenida Alfonso Bovero, Daniel trabalha com as várias técnicas que domina ao mesmo tempo. “Descanso da gravura pintando as telas ou fazendo esculturas em argila”, explica.
Nascido no bairro de Santa Cecília, Daniel diz ter se interessado pelas artes desde cedo. Sua formação, como ele mesmo diz, não tem nada de acadêmica, embora tenha frequentado escolas. “A academia pouco me interessou, mas reconheço sua importância e foi através dela que conheci muitos mestres. Preferi escolher aqueles artistas que eu admirava e fui aprender e trabalhar com eles”. Israel Kislansky é um deles. Foi no estúdio do artista que Daniel diz ter aprendido “com ele e com os outros artistas que por lá passaram”. Afirma que sua arte ainda está em maturação.
O artista também promove cursos e oficinas, principalmente dedicados às pessoas portadoras de deficiências visuais. “Desenvolvo as oficinas em locais como as unidades do Sesc e tenho um curso para vinte alunos com deficiência visual no Instituto Laramara”. Além desses, atualmente dá curso de gravura para alunos de pós-graduação.
Para atrair a atenção dos pequenos alunos, ele criou o Professor Amarelo. O personagem, todo vestido de amarelo vivo, é quem faz a ligação entre os materiais e os aprendizes. Também criou cursos de artes integradas com outros profissionais, para os deficientes visuais e seus familiares, com gesso, argila, tinta. “A molecada vem atrás, eles não resistem!”, se orgulha em dizer.
Em setembro, mês da acessibilidade, tem programado uma oficina no Centro Cultural São Paulo. “Será um casamento entre as artes plásticas e a dança. Vamos fazer um painel de 3 x 8 m com decalques feitos pelos alunos inspirados no movimento da dança”. Serão vinte vagas, dez reservadas aos deficientes visuais.
No final do ano passado, ele fez a exposição Olhar Tátil, na Galeria Olido, onde os visitantes podiam tocar com as mãos as peças expostas. Ele espera em breve levar a exposição para Fortaleza, terra de seus pais.
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