Linhas e agulhas transpassam os traços da arte de Militão dos Santos. O resultado pode ser visto no livro: Bordados do Brasil.
Araras, periquitos, brincadeiras de crianças, o sertão, redes, cenas das roças, as festas no interior. O artista pernambucano Militão dos Santos retratou com sua arte esses cenários. As integrantes de três grupos de bordados de cidades diferentes − Ciranda Bordadeira, de São Paulo, Respingar e Roda de Bordado, de Santa Catarina −, refizeram o caminho de seus traços, ponto a ponto, agulha por agulha, para homenagear pelo bordado um dos mais importantes representantes brasileiros da arte naïf.Os trabalhos estão no livro Bordados do Brasil – A arte de Militão dos Santos, publicado pela EDUEM, editora da Universidade Estadual do Maringá, e lançado em março na Livraria Cortez. A organização do material ficou a cargo da psicóloga paulistana Jacirema Ferreira e da professora universitária de Santa Catarina, Olinda Evangelista. “A junção entre Militão e o nosso trabalho foi muito feliz. São quadros de força e esperança e o bordado traz o encantamento retratado de forma alegre e colorida”, avalia Jaci. O artista de Caruaru agradece no final do livro: “… fazer da minha arte inspiração para a criação de um bordado honra e exalta a minha pintura refletindo o mesmo prazer e alegria com as quais executo meu trabalho dia a dia”.
A jornalista do Guia Daqui Lapa-Leopoldina, Suiang Guerreiro, encontrou na obra S. Francisco de Assis, de 2007, um caminho para as agulhas: “É gostoso poder fazer obra de arte com linhas”. Para a bordadeira Ana Loureiro, da Lapa, Militão representa muito da cultura tradicional. O quadro escolhido a fez lembrar das músicas que cantava quando era criança. Junto com Mieko Makino, também lapeana, bordou Brincadeira, de 2009. A outra lapeana, Rosangela Barbosa, alinhavou a obra Pássaros, de 2008. “Ele retrata bem o país e o trabalho me fez lembrar da época em que eu morava no litoral”.