O jovem João Vítor foi diagnosticado aos quatro anos com autismo. Isso mudou a vida da mãe, Maria Lucia e da tia Wilma Andrade que se dedicam a ele e ao estudo do transtorno que ocorre em 4 homens para cada mulher, segundo a ONU.
“O João Vítor mudou as nossas vidas!” declara a tia Wilma Andrade. Depois de viver por década nos Estados Unidos trabalhando com marketing e publicidade, ao saber do autismo do sobrinho, passou a participar de congressos, se informou, estudou sobre autismo e fez cursos para se qualificar e poder fazer um trabalho com autistas. Ela fundou em 2011, em Newark a Brazilian International Association of Autism (BIA).
Wilma voltou ao Brasil e junto com a irmã Maria Lucia fundaram a BIA Brasil, na Lapa, região onde a família reside. A associação sem fins lucrativos, ocupa um sobrado e oferece atendimento e atividades dirigidas para autistas maiores de 13 anos. “Existem serviços que atendem aos autistas bebês e até a adolescência, mas eles crescem e precisam de tratamento e atividades. Aqui na BIA Brasil oferecemos, de acordo com o potencial de cada autista, atividades como educação artística, inglês funcional, práticas de sociabilização, reforço pedagógico, recreação, inclusão social entre outras atividades”, explica Wilma, a coordenadora da BIA Brasil.
A mãe do João Vítor, a jornalista Maria Lucia, faz parte da direção da BIA Brasil e informa que ainda estão finalizando a parte burocrática para que a associação possa fazer convênios e receber doações e outros tipos de ajuda. Ela também é responsável pela caminhada pela conscientização do autismo que acontece no início de abril – 2 de abril é o Dia Mundial do Autismo — e neste ano, levou mais de 10 mil pessoas às ruas da cidade. O azul é a cor do autismo por ser os meninos a maioria dos autistas.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição de saúde caracterizada por déficit de interação social, comunicação e comportamento. São vários subtipos do transtorno. Há desde pessoas com condições associadas (comorbidades), como deficiência intelectual e epilepsia, e até pessoas independentes, que levam uma vida comum. Muitos por não serem diagnosticados não sabem que são autistas. “Eles não são classificados como deficientes mentais”, ressalta Maria Lucia. “São inteligentes e sempre nos surpreendem”.
Não se conhece a causa do autismo. Estudos recentes apontam fatores genéticos como possível causa. Mas ainda faltam comprovações científicas. Wilma, explica que a BIA Brasil tem todo um projeto pedagógico para atender às demandas dos autistas que frequentam a associação na Lapa. “Temos carência de profissionais experientes para o atendimento ao autista. Nas escolas, eles acabam ficando isolados por terem necessidades especiais e individuais. Tenho experiência e uma grande bagagem de um trabalho sério e profissional. Nós só nos dedicamos aos autistas. Aqui na BIA Brasil não fazemos diagnósticos, nem atendimento médico e muito menos receitamos medicamentos. Aceitamos pessoas que tenham diagnóstico fechado feito por profissionais”. Além de Wilma, o educador Emerson Silva faz parte da equipe.
Comparada com a burocracia para abrir a BIA Brasil, Wilma reclama “da falta de apoio que teve aqui no Brasil. Ficamos quase um ano procurando imóvel para alugar e quando falávamos do objetivo da BIA, a imobiliária apresentava um problema para não alugar o imóvel. Busquei apoio na Subprefeitura da Lapa para conseguir um espaço para fazer a reunião com pais e interessados no tema e não recebemos apoio!”
Além do atendimento aos autistas, Wilma quer formar profissionais. “Quero compartilhar minha experiência profissional com mais pessoas para atender esse grupo de pessoas especiais”.
Bia Brasil Autismo, R. Vespariano, 94, Lapa, tel. 2389-0521 e 97402-3505, biawilma@hmail.com, www.facebook.com/bia-brasil-autismo
Fonte: Revista Autismo.