Uma mãe nota 10

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A empresária da Vila Leopoldina Cássia Cristina Guerreiro, além de ter criado dois filhos naturais e uma prima mais nova, cuida atualmente de 28 meninas de uma comunidade local, complementando e reforçando seus estudos e tornando-as mais fortes para a vida. Acompanhe.

“Mãe só tem uma”, diz o ditado, entretanto algumas mães nascem com um dom maior que as outras: o de ajudar crianças que não são suas a lutar e vencer as dificuldades da vida. Assim é Cássia Cristina Guerreiro, que mora na Leopoldina desde pequena e que busca em Deus a força que precisa para fazer a diferença na vida das 28 meninas hoje cuidadas pelo Instituto HJ Santa Fé.

Filha de um empresário do setor de hortifruti, Cássia diz que teve muita sorte na vida. “Nossa família era pobre e teve de passar por várias dificuldades até ficar estabilizada. Eu e meus irmãos tivemos a oportunidade de estudar fora do país e sempre trabalhamos no negócio que meu pai fundou”, conta à reportagem do Guia Daqui Lapa Leopoldina.

Cássia estudou Direito, casou bem cedo (aos 19 anos) e teve um filho desse relacionamento: o Manuel da Silva Neto, que hoje tem 28 anos. Ela logo se separou de seu primeiro marido e teve de criar Manuel sozinha. Alguns anos mais tarde, a empresária casou-se novamente e teve Narryma Guerreiro, hoje com 14 anos. Cássia também ajudou a criar uma de suas primas que ficou órfã, a Janina Rodrigues, que morou com ela por seis anos e recentemente mudou de casa. “Meus filhos são tudo para mim. São a razão de minha luta, de minha vida e meus maiores motivos para continuar. Aconselho a maternidade para todas as mulheres. A maternidade muda a nossa visão de mundo, nos faz ser pessoas melhores”, declara.

Sobre as meninas que estão hoje no Santa Fé, Cássia diz que também as considera como filhas. “Eu e meus dois irmãos sempre pensamos em retribuir a sorte que tivemos em nossas vidas, então, até por uma sugestão de meu irmão mais novo (pai de duas meninas), em agosto de 2013 fundamos o Instituto, com o objetivo de oferecer a complementação dos estudos de meninas entre seis a 14 anos, época da vida em que as crianças estão mais vulneráveis.”

O Instituto HJ Santa Fé, que tem esse nome porque é patrocinado pela empresa de hortifruti HJ Santa Fé, pertencente à família de Cássia, recebe atualmente 16 meninas no período da manhã e 12 à tarde. “Estamos no contrafluxo do horário escolar, ou seja, as meninas que têm aulas regulares na escola de manhã, estudam à tarde… já as que têm aulas à tarde, estudam aqui na parte da manhã. Quem chega no primeiro horário, toma café antes das atividades, depois almoça e vai para sua escola. Quem vem no segundo horário, primeiramente almoço, participa das atividades e, depois, toma o café da tarde”, explica.

Instituto Santa Fé07-DL-MAI-TG materiaCássia tem muita satisfação em ver o desenvolvimento de suas pequenas. Uma delas conseguiu ser aceita na escola de música da Prefeitura de São Paulo e outra já está em busca desse sonho. Todas as meninas do Instituto têm aulas de balé, artes, música, complementação e reforço escolar, informática, entre outras atividades. Para participarem das aulas, suas famílias passaram por uma avaliação minuciosa do pessoal do Instituto. “Nós fizemos uma pesquisa bastante criteriosa e abrimos vagas para as que mais necessitavam desse apoio e complementação escolar”, diz a empresária.
As meninas ainda recebem aulas de rugby no Parque Villa Lobos, que conta com a parceria com o Instituto Alma Rugby, que não tem fins lucrativos, e também aulas de educação cristã, ministradas por Cássia. Essas aulas focam assuntos como ética, moral, entre outros, que fortalecem e dão poder às meninas, para que elas sejam agentes de mudanças em seus meios e tenham condições de modificar a situação na qual estão e até o mundo em que vivem.

Gerenciado por Odelma Carneiro da Silva, o Instituto tem boa estrutura, funcionários capacitados, mas não recebe ajuda governamental. Ele é mantido pela empresa da família de Cássia e por uma rede de apoiadores eventuais.
Um grupo que sempre apoia as iniciativas do Instituto é o “Mães da Leopoldina”, gerenciado por Ana Kika Lanari e Juliana Moraes. “Lá já conseguimos voluntárias de várias áreas, como Psicologia, Odontologia, etc, que estão sempre nos ajudando a solucionar problemas pontuais das meninas. Conseguimos também voluntárias que nos ajudam em diferentes campanhas, como a última de abril, que recebeu doação de ovos de Páscoa, entre outras.”

Para Cássia, que também estuda e tem inúmeras outras atividades além das já mencionadas, não existe nada melhor, nem mais desafiador do que criar filhos. Para ela, estar sempre presente, conversar muito, passar valores e dar limites são os atos mais importantes, que norteiam a relação entre mãe e filho. “O jovem precisa se sentir parte de uma comunidade e, para mim, a igreja que frequento me ajudou e me ajuda muito nesse sentido. Ter disciplina também é fundamental na criação, porque a mãe que corrige o filho, passa valores a ele… e ele, por sua vez, se sente amado por isso, mesmo que a princípio possa parecer o contrário. Dar limites, olhando nos olhos de um filho e dizendo porque esses limites estão sendo dados, fortalece o vínculo… quando eu olho nos olhos de meus filhos, eu sempre explico que aquela, ou outra atitude que estou tomando, eu faço porque os amo e ninguém quer melhor a uma pessoa do que uma mãe. Na verdade, não existe nada maior do que o amor de uma mãe”, finaliza. (ND)

Instituto HJ Santa Fé
https://www.facebook.com/institutohjsantafe/

 

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