Criatividade em alta

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Morador da Vila Ipojuca, Billy Castilho é um pouco de tudo: diretor de arte e cinema, curador de arte. Também criou, com um sócio, uma loja e galeria de arte na Vila Madalena onde a bicicleta é o grande atrativo.

Nesta entrevista, Billy conta um pouco da sua carreira profissional e do Estúdio Senhora Olga, criado em 2002 e que tem sede numa tranquila rua da Vila Ipojuca. Fala das festas que promove em seu estúdio que até virou notícia de revista semanal. Comenta, entre outros temas, sobre o crescimento imobiliário da região e suas consequências. E como morador, espera que o bairro não perca sua tranquilidade.

Fale um pouco sobre você. Sou paulistano e vivi muito tempo na Vila Gustavo, zona norte da cidade. Cursei arquitetura até o décimo semestre mas, como já estava trabalhando, e ganhando um dinheiro com direção de arte e publicidade, acabei não concluindo o curso devido às viagens constantes. Hoje, além da direção de arte e também de publicidade, sou sócio da loja Tag and Juice, na Vila Madalena. Também faço curadoria para artistas de street art e também com fotografia. 

Com quais artistas você trabalha? Tenho conexões com artistas de todo o mundo. Com vários artistas brasileiros, como Paulo Ito e Boleta, e também com  Mimi, The Clown, que é francês e está com uma nova exposição na galeria da Tag and Juice de seus trabalhos que usa como base discos de vinil. Outro é o 25-01, artista italiano de Milão. De uns tempos para cá também estou trabalhando com fotografia. Os artistas que trabalho têm uma visão crítica sobre as cidades e o meio urbano.

Como você chegou à Vila Ipojuca? Trabalhava usando as estruturas das produtoras e eu precisava de uma estrutura maior para mim. Conhecia o bairro através de uns amigos e sempre tive como foco a região da Lapa, que é um lugar tranquilo. O dia em que eu decidi procurar onde seria meu estúdio e minha casa, achei este galpão, e foi ideal porque eu queria criar um loft onde as pessoas pudessem circular e trabalhar. Fiquei um ano reformando. Tempos depois surgiu a oportunidade de alugar a casa ao lado. Aqui é um lugar onde acordo e já estou no local do trabalho. Acho o bairro interessante embora, com a agressividade do mercado imobiliário, não sei onde isso vai parar. Mas acredito que a tendência da Ipojuca é continuar sendo um bairro incrível e espero que continue a ser mais residencial.

O que você aproveita aqui da região? Sou uma pessoa do dia. Acordo cedo e saio para correr. Vou ao Parque Villa-Lobos três vezes por semana. Tenho um personal trainer que vai à minha casa. Até às 11 da manhã coloco o estúdio para funcionar e converso com a equipe sobre os trabalhos em andamento, embora a gente trabalhe muito on-line. A Ipojuca é um lugar tranquilo.

Falta alguma coisa? Só sinto falta de mais opções de restaurantes onde você possa ir a pé. Aqui próximo tem uma boa padaria e um restaurante japonês. Mas ainda continua sendo um bairro interessante, embora esteja em andamento uma mudança, com o crescimento imobiliário, e a verticalização esteja maior na Vila Romana, que por sua vez fica mais próxima da Pompeia e de Perdizes.

Como surgiu a Senhora Olga? Qual é o significado do nome? Surgiu, em 2002, da minha necessidade de mais espaço para desenvolver meu trabalho. O nome nasceu bem antes dos espaços coletivos. Na época, os estúdios digitais eram batizados com nomes muito ligados à atividade digital. Eu queria uma coisa divertida e mais abrangente, que tivesse um nome de escolinha de bairro, de costureira, de doceira, gosto da formalidade e o nome surgiu inspirado na coleção de CDs de uma cantora cubana, Olga Guillot, e o nome pode ter outros significados, como a dubiedade que remetia à um prostíbulo de antigamente chamado de Dona Olga.

A revista sãopaulo comentou sobre as festas que você promove em sua casa. Pois é. A matéria saiu como sendo uma balada, mas não é isso. São festas para amigos e conhecidos, é uma festa fechada. Por exemplo, se recebo um artista vindo do exterior e quero apresentá-lo para o Mercado, faço uma festa. Como as pessoas sabem onde moro e o espaço que tenho, muitas vezes pedem para fazer as festas de aniversário lá no galpão. Se estou a fim, libero o espaço e autorizo. Tenho um espaço aberto no fundo com árvore e tudo o mais que é agradável. É diferente das festas que o coletivo Casadalapa daqui da região faz.

Os vizinhos não se incomodam? Quando vou dar uma festa, visito os vizinhos, levo flores e aviso que vai ter uma festa e vai ter música etc.

Você vai muito às baladas? Hoje, os clubes estão meio chatos. As pessoas estão mais truculentos, não se divertem. E estou ficando mais velho e já não tenho a mesma paciência de antigamente…

Qual é a proposta da Tag and Juice? Quando abrimos a loja e a galeria, em 2010, não havia esse interesse e conceito em relação à bicicleta. Temos uma galeria de arte voltada para a street art e fotografia, um café, livraria e também roupas, como camisetas e calças. E sempre promovemos eventos, como exibição de filmes e vídeos.

Você é um ciclista? Não em tempo integral. Mas tenho a minha e pedalo quando posso. Vejo a bicicleta como o futuro da mobilidade urbana. Em qualquer outra cidade do mundo, são mais respeitadas do que aqui. Somos muito selvagens, mas quem é ciclista não desanima.

Billy Castilho
Estúdio Senhora Olga
Telefone 3872-4001
www.senhoraolga.com.br

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