Comunicação eficiente

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Consultora e personal de comunicação, Thais Alves é autora de diversos livros sobre comunicação e acaba de lançar mais uma caixa com quatro volumes sobre o tema. 
Os livros, de fácil leitura e com exemplos práticos, foram dividiu em quatro capítulos: um para os pecados da comunicação, outro para o pessoal, o terceiro para o profissional e o último para o virtual. Na entrevista, a moradora do Alto da Lapa dá dicas interessantes para quem quer melhorar sua comunicação.  

O que a motivou escrever esses quatro livros sobre comunicação?
Na verdade, é uma sequência do meu trabalho. Sou personal em comunicação há 30 anos.  

A quem se destina seus livros? 
As pessoas me procuram para aprender a falar em público. Comecei a perceber que todas as situações de comunicação levam um ranço da sua personalidade. Todos nascemos tímidos. Somos um poço de emoção. Na infância, desenvolvemos os primeiros medos. Entre os 8 e 9 anos, temos medo do escuro, ficamos inseguros na escola, com os colegas que fazem bullying. Entre os 13 e os 14 anos, desenvolvemos a crítica, aos nossos pais e também a autocrítica (o que está errado no outro e em mim). É quando começam as comparações. Quando a gente fica experiente, lá pelos 20 anos, e entramos na faculdade, vem a vaidade e nos achamos melhor do que os outros. Aos 30 vem a inveja. ‘Por que outro recebeu a promoção e eu não?’ Mais maduro, vem a preocupação, é quando pensamos no nosso futuro, tanto na vida pessoal como na profissional.  

Isso acontece com a maioria das pessoas?
São características recorrentes dos 50 mil alunos que já atendi. E se a pessoa não trabalha isso, ela carrega com ela essas características, se isso não for resolvido. O inseguro não apresenta suas opiniões. Aquele que é autocrítico sempre acha que tudo está errado. O medroso acha que nada vai dar certo. O vaidoso pensa que a ideia dele sempre é a melhor. Se na infância essas pessoas não trabalham essas características, quando adulto, elas vão aparecer. E conhecendo isso, provoco a reflexão dos leitores em meus livros.

Nos seus livros, você mescla informação com exercícios?
Quero mexer com as pessoas com o conteúdo do mundo atual, que é muito forte. É preciso trabalhar os medos que não foram trabalhados. Nossa educação é muito errada, em geral. É fundamental que a gente se conheça.  

Conhecer a si mesmo é fundamental para se desenvolver?
No livro sobre comunicação pessoal, pergunto: “quem eu sou?”, “quais são meus talentos?”. Muita gente desconhece a si mesmo. Apresento os problemas e ofereço alguns caminhos. É preciso que as pessoas enalteçam suas qualidades. As famílias e as escolas não praticam isso. O autodesconhecimento faz você errar. Dou um exemplo: a Hebe Camargo, embora tenha tido uma educação básica, conhecia seus atributos e sabia usá-los muito bem. O Lula também soube e sabe fazer uso das suas qualidades. E hoje é um nome internacional. São pessoas que se conhecem muito bem.  

E como a gente aprende a se conhecer?
A pergunta ‘quem é você?’ é o início de tudo. É preciso ter sua marca pessoal. Com a minha experiência, vejo muitos executivos trabalhando em lugares que não gostam. O sujeito que é zen não pode trabalhar na bolsa de valores, onde o ritmo é caótico. Se ele não se conhece, perde o foco e deixa de ser verdadeiro. Aquele que é sério, não precisa ficar o tempo todo rindo e fazendo piada. Na verdade, vivemos num mundo onde se fala demais. E tudo que é demais faz mal. Acumular coisas, beber demais, fazer exercícios em demasia, também fazem mal. Sugiro que você deva procurar um trabalho que combine com você, com seu jeito. Nas minhas palestras, teatralizo cenas para explicar isso.

Isso não se ensina nas escolas?
As escolas são informadoras e não formadoras. Deveríamos trabalhar a comunicação pessoal desde o curso básico.

A quem se destina essa sua coleção sobre comunicação? 
Esses meus livros ajudam a todos. Seja quem está começando na carreira, aos adolescentes, aos que estão no mercado e precisam melhorar sua comunicação pessoal. 

Para quem está no mercado, o que você propõe?
No livro que trata sobre a comunicação profissional, proponho ao leitor que faça um roteiro das reuniões, o mesmo para ser líder, e para sua carreira profissional. É preciso que ele conheça. Ensino como projetar a voz, ter postura, ritmo, foco. São pequenas mas importantes dicas. Eu sempre digo para as pessoas que se eu tivesse feito meu curso de comunicação, teria sofrido 20 anos menos (risos). 

Além de consultora, escritora, você também é uma profissional de mídia. 
Sempre tive um pé da mídia. Desde meus 18 anos ensino. Primeiro com aulas de pintura, de arte e depois parti para comunicação. Quando jovem, era gaga. Fiz vários cursos, incluindo o de sensibilidade criativa, e fui descobrindo quais eram meus talentos em relação aos outros. A partir daí comecei a ficar mais segura e menos crítica comigo mesmo. O erro não tem importância. É um risco e quem não ousa não erra.

No campo da comunicação virtual, quais são os erros mais frequentes? 
Ainda não sabemos utilizar a comunicação virtual com inteligência. Parece que todo mundo precisa ter milhares de amigos. As pessoas não respondem e-mails. Não respondem aos telefonemas. Muitas vezes postam nas redes sociais suas fotos em situações não agradáveis e depois reclamam.

Que erros mais comuns cometemos no mundo virtual? 
O mundo virtual trouxe benefícios e malefícios. Não podemos ser ingênuos e acreditar em tudo que está na rede. É preciso estar mais atento. O tempo gasto nas redes sociais por um jovem de 12 anos deve ser diferente de quem tem mais de 50 anos. Neste caso, acho que meia hora por dia já é bastante (risos). No mundo corporativo, quando nos comunicamos com um cliente, precisamos evitar usar símbolos que se colocam nas mensagens, carinhas e coisas assim. 

As empresas sabem se comunicar, tanto internamente como externamente?
Os serviços de atendimento ao consumidor das empresas deveriam se preparar melhor. Ao falar ao telefone, para começar. Deveriam falar mais devagar e mais claro. Um fala alho e o outro entende bugalho. A comunicação nos leva para o paraíso ou para o inferno. É preciso ter a consciência e exercitar. As empresas erram a começar pelo idioma. Precisam evitar o gerundismo, por exemplo. 

As empresas estão preparadas para administrar a carreira de seus funcionários neste mundo globalizado?
As empresas têm muitos problemas de comunicação interna. Os funcionários são pessoas diferentes. Um é rápido e outro é lento, por exemplo. Ganha-se e perde-se dinheiro com a falta dessa comunicação. Todos os profissionais e as empresas precisam se comunicar com eficiência. As empresas precisam investir nas pessoas.  

O politicamente correto está sendo utilizado com inteligência? Como evitar o excesso?
O mundo está mudado. Precisamos tomar cuidado com o que falamos e escrevemos hoje em dia. O mundo está mais sério e muitas vezes, muito chato. Mas um pequeno bullying de vez em quando não faz mal (risos). Mas é preciso ter atenção. 
Como moradora da Lapa, o que você mais gosta no bairro?Nasci no Sumaré. Morei em Perdizes e há três anos moro no Alto da Lapa. Gosto muito do bairro e caminho muito pelas ruas arborizadas da região. Vou muito aos parques e uma das praças que sempre passo é a John Lennon. Gosto muito do Espaço Zym, na Rua Tonelero. Acho que a Lapa é o lugar onde mais vejo passarinhos. Uma delícia!

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