A cidade mais segura

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Segurança urbana é uma questão que diz respeito à toda a população. Todo mundo quer viver em um local sem violência, bem conservado e sem crimes. A Guarda Civil Metropolitana tem um papel primordial em fazer o nosso dia-a-dia mais seguro e nossa cidade melhor. A Inspetora Sandra Perticarrari, pós-graduada em segurança pública pela PUC-SP, comanda a Inspetoria Regional da Lapa, com um efetivo de 90 pessoas, desde fevereiro de 2011. Nessa entrevista, ela conta sobre sua carreira e sobre os problemas e desafios da região da subprefeitura da Lapa.

Como começou sua carreira na Guarda Civil Metropolitana?
Entrei como guarda em 1986, quando o Jânio (Quadros) criou a guarda. Prestei o concurso. Fui com a minha cunhada para acompanhar, não tinha a intenção de passar, porque não tinha estudado para passar. E ela ficou e eu segui em frente. Fui da inspetoria de Santana, depois da Sé, onde fiquei até 1995, quando prestei um concurso interno para classe especial e passei à graduada. Em junho de 1995, houve um enquadramento para a classe distinta, quando fui enquadra e fui trabalhar na tão falada ROMU, as Rondas Ostensivas Municipais, com viaturas pretas. Ela funcionava há dois anos e só tinha homens. Fui eu e uma amiga fomos e fizemos a nossa história. Fiquei na ROMU até 2001, quando o PT entrou e desfez essa unidade.

E como a senhora chegou à Lapa?
Em 2002, prestei concurso interno para inspetor, que é o equivalente a tenente. Passei, fiquei um ano na escola, sai em 2004 formada como inspetora e fui para o Comando Operacional Centro. Fui ser coordenadora operacional da área Centro e depois assistente técnico do Comandante da área Centro até 2006. Em 2006, fui comandar a inspetoria da Vila Mariana, onde fiquei até fevereiro de 2011. E ano passado, como já estava há cinco anos naquela unidade, fui remanejada para a Lapa. E você sabe que eu não conhecia a Lapa? Tinha ido na Lapa umas duas vezes na antiga inspetoria na Rua Constança, mas quando era da ROMU, quando ia fazer algum serviço na área. Eu gosto muito de desafio. Vim e encontrei uma inspetoria super motivada, um pessoal bem bacana, que trabalha muito bem. Meu lema é assim: “ser bom é ser justo, mas nem sempre ser justo é ser bom”. Por que, assim, às vezes o que é bom para um não é bom para outro.

E como tem a convivência com a região até agora?
Fui muito bem recebida aqui não só pelo efetivo, mas também pelo subprefeito, pelas organizações sociais, pelos Consegs. Cheguei aqui na Lapa e já sabia que uma coisa que o Secretário “batia” aqui era a Marginal na área da Leopoldina. Temos um problema forte na questão da caixaria na região da Ceagesp, na região do Mercado da Lapa, os moradores de rua que ficam nos viadutos, a questão do aumento do índice de roubo e furto nessa região. É uma irregularidade vender caixa na via pública para reutilização, tanto sanitária quanto administrativa municipal. O espaço público não é para vender nada, é da população que tem o direito de ir e vir. Primeiro orientamos, depois apreendemos, aí demos um tempo e fomos de novo e conseguimos que eles mesmos fossem saindo e retirando a mercadoria. Não precamos fazer aquelas mega operações. É claro que eles não sumiram, eles estão em outros locais, que estamos programando com a prefeitura para entrar com o apoio de outras instituições.

Qual a área de cobertura dessa inspetoria?
É a região da subprefeitura, a circuncisão é a mesma. Ela abrange os distritos da Lapa, Vila Leopoldina, Jaguaré, Jaguara, Barra Funda, Perdizes e um pedacinho do Sumaré.

Como é o dia-a-dia da GCM?
O papel da GCM, como das guardas municipais em geral, é de fazer segurança urbana. A segurança urbana tem a ver com as posturas municipais. Não temos o dever de fazer segurança pública, apesar da população reconhecer a GCM também como autoridade de segurança, tendo em vista as ações que já foram praticadas em prol da segurança do cidadão. Mas se adotarmos as providências através das posturas municipais, das secretarias de saúde, educação, habitação, etc, atuando e usando a articulação dessas secretarias em prol da segurança, vamos ter o patrimônio público, o espaço público, o meio-ambiente, as escolas, a questão das pessoas em situação de risco, tudo organizado. O programa de proteção ao espaço público é o de maior foco da Inspetoria da Lapa, porque o espaço público da cidade de são Paulo hoje está sendo muito mal utilizado. E o espaço público mal utilizado acaba sendo degradado, se torna ermo porque a população não frequenta, inseguro e propício ao crime… O Comando Oeste, o qual a nossa Inspetoria está subordinada, acredita que se atuarmos no espaço público, o patrimônio público também estará protegido por nós. Do meu ponto de vista e pelo o que eu tenho visto dos nossos parceiros, da população, dos e-mails que recebemos, da forma como somos recebidos nas reuniões dos Consegs, a população tem percebido e reconhecido o trabalho da GCM de forma positiva.

Como vocês lidam a questão dos moradores de rua?
O espaço público tem que estar organizado e limpo para a população usar. O morador de rua não tem o direito de montar um barraco na calçada enquanto o pedestre passa pela rua correndo o risco de ser atropelado por um veículo. Mas ele tem o direito de ser encaminhado para algum lugar, onde ele tenha atendimentos em geral, pois a prefeitura tem condição de dar, mas muitas vezes eles que não aceitam. Quando recebemos qualquer tipo de informação sobre qualquer irregularidade a respeito do mau uso de um local ou mesmo quando detectamos através das nossas equipes operacionais, não vamos no mesmo dia, pois antes de alguma ação nós efetuamos um planejamento específico para adoção das medidas pertinentes. Temos um vínculo com a Secretaria de Assistência Social, CRAS-Lapa e o Conselho Tutelar. A Assistência Social vai ao local, faz um diagnóstico, nos reunimos com a subprefeitura, estudamos o que pode ser feito, chamamos a Defesa Civil. A Ong Presença Social nas Ruas, uma ONG contratada pela prefeitura para fazer abordagens de rua, conversar com essas pessoas várias vezes. Só aí fechamos o diagnóstico e fazemos operações pontuais juntamente com a Subprefeitura. Nestes casos, infelizmente não tem outro jeito, quem tinha que ser encaminhado já foi. É uma coisa muito bem organizada.
 
Qual a diferença entre a GCM e a Polícia Militar? Quando se dever chamar uma e quando a outra?
Temos que partir da Constituição Federal, a nossa carta magna. A  Polícia Militar consta no parágrafo primeiro do artigo 144, que diz que a segurança pública é dever do Estado (União) e direito e responsabilidade de todos. E nesse parágrafo ela diz quem é que deve fazer a segurança pública: a Polícia Militar, a Federal, a Civil. A Guarda Civil está lá no parágrafo oitavo desse mesmo artigo. E lá diz assim: “Os municípios poderão constituir guardas municipais para a proteção dos seus bens, serviços e instalações conforme dispuser a lei”. A guarda é municipal e a Polícia Militar é estadual. A questão é que para fazer o que nós fazemos na prefeitura, precisamos realizar as atividades, ações, estratégias que a Polícia Militar realiza na segurança pública. O dever de segurança pública, quem tem é a Polícia Militar. Nós fazemos segurança urbana. E através de segurança urbana indiretamente acabamos fazendo segurança pública.

É importante que a população e a GCM se comuniquem.
Temos um programa criado pelo nosso Comandante Operacional Oeste chamado Articulação Comunitária. A ideia é que nossos GCMs sempre façam contato com as pessoas e que a comunidade faça contato com os guardas, pegando telefone, nosso e-mail para que a pessoa ligue quando ela tiver problemas de desordens urbanas e para que nós também possamos ligar. A ideia é que com isso a população aprenda a conviver e se policie para que a nossa cidade fique melhor. Nesse ano, vejo uma Lapa mais limpa, ela melhorou bastante o espaço público da região. Acredito que ela está ficando mais organizada, a subprefeitura tem uma parceria muito grande conosco. Enquanto cuidamos da segurança, a subprefeitura vem e limpa, pinta, poda, ilumina, e aí o espaço público fica mais bonito, as pessoas voltam a frequentar, o crime é não ocorre e o local fica mais seguro. E essa é a ideia. Isso é segurança urbana.

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