Do Sítio para a Vila Romana

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Do Sítio para a Vila Romana

Nossa literatura é riquíssima. Um dos nomes de maior destaque é Monteiro Lobato, que nos trouxe, entre tantas obras, o querido Sítio do Pica Pau Amarelo. A história cheia de imaginação já foi contada várias vezes em produções televisivas, dando vida à Narizinho, Dona Benta, Visconde e a inigualável boneca de pano Emília.
Zodja Pereira, moradora da Vila Romana, é uma atriz com uma carreira extensa, mas certamente um dos personagens mais queridos é a boneca que falava. Ela foi a segunda atriz a interpretar Emília para a produção do Sítio, na Bandeirantes, em 1968. “Foi uma experiência fascinante porque a Emilia é um personagem riquíssimo, extraordinário, dominante. Ela tinha um aspecto muito parecido comigo, porque ela é muito crítica e eu sou muito crítica, então havia uma identificação perfeita. A gente estava vivendo o momento mais duro da ditadura. A Emília era a minha oportunidade de dizer coisas”, ela conta.
Filha de atores, Zodja nasceu nos palcos. Com apenas dez anos, já estreava no Teatro Municipal de Maceió e aos 17 anos era atriz profissional. Natural de Natal (RN), ela veio para São Paulo na época da ditadura, onde fez a maior parte de seus papéis. Foram muitas peças e novelas na TV Tupi, Bandeirantes e Rede Record.
Com o fechamento da TV Tupi, Zodja se enveredou também para outra área da atuação: a dublagem. O papel de Emília foi muito marcante, e mesmo anos depois, as pessoas ainda lembravam e a reconheciam por causa da sua voz. Seus filhos também seguiram a vida artística e hoje Zodja foca mais na dublagem. Com um de seus filhos abriu a DuBrasil, que fica na Vila Madalena, onde além de produzirem dublagem para diversos filmes e séries, também dão cursos profissionalizantes de dublagem.
Entre os últimos trabalhos que mais a marcaram, relembra a dublagem do documentário Fahrenheit 9/11. “Dublei a Senhora Lila, que era aquela senhora que começa num eufemismo e no final o filho morre e ela entra naquele processo de revolta. Para mim foi um presente dublar, porque aquilo era absolutamente verdadeiro e de certa forma eu me identifiquei com o drama dela com toda a minha história política”. Zodja e sua simpatia marcaram e continuarão a marcar muitas gerações.

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