Toque japonês na Leopoldina

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O primeiro centenário da imigração japonesa no Brasil será comemorado em 18 de junho próximo. Esta imigração ocorreu por conta do tratado assinado entre Brasil e Japão em 1895, que traria famílias japonesas para o país anos depois. Em 1908, chega ao porto de Santos a primeira leva no navio Kasato Maru, que trouxe a bordo 165 famílias de imigrantes que fugiam do desemprego e das dificuldades que o Japão passava naquela época.
Hoje, o Brasil concentra a maior população japonesa fora do Japão com cerca de 1,5 milhão de pessoas. Segundo o censo de 1988, São Paulo tem 326 mil. Boa parte desses imigrantes e descendentes moram, trabalham e vivem na Vila Leopoldina e arredores.
A contribuição dos japoneses para a cultura brasileira desde que aqui chegaram tem sido fundamental. Engloba os mais variados segmentos da sociedade e da cultura. Na gastronomia, são os inúmeros restaurantes japoneses que estão espalhados por toda a cidade. Na Vila Leopoldina, a chegada dos japoneses se reflete até hoje, na atividade da Ceagesp e de outros comércios que o bairro engloba. Selecionamos alguns traços desta imigração que comemora o seu primeiro centenário.

Ceagesp

A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo surgiu em maio de 1969, da união de duas empresas mantidas pelo Governo do Estado de São Paulo e, ao longo de sua história, tornou-se referência nacional em abastecimento de alimentos. Atualmente a Companhia administra uma rede de armazenagem – incluindo armazéns, silos e graneleiros – e outra de entrepostagem, que asseguram grande parte do abastecimento do Estado e do país. A Ceagesp oferece serviços de apoio ao agricultor, ao comerciante e ao consumidor, assumindo, também, novos compromissos com o desenvolvimento de programas de responsabilidade social.
Os japoneses e seus descendentes foram decisivos desde a inauguração da Ceagesp, atuando na produção e comercialização de horticultura, flores, frutas, ovos, batatas, cebolas, entre outros produtos.
A Feira de Flores da Ceagesp acontece todas as terças e sextas-feiras, das 5 às 10h30, para vendas ao varejo. Realizada no pavilhão MLP, em área de mais de 20 mil m², esta feira reúne cerca de 1.100 produtores de flores, plantas, grama e mudas e apresenta uma área especial para acessórios e artesanato. Já virou atração turística pela variedade que apresenta e pelos preços dos produtos.
Emerson Otsuka é da segunda geração de floricultores que trabalha na Feira de Flores da Ceagesp. Seu pai, Yukinobu Otsuka veio de Nagazaki e produz e vende flores na Ceagesp desde a sua inauguração. “Meu pai é um dos mais antigos entre os permissonários e já estou assumindo o lugar dele”, diz Emerson, que tem uma área de produção em Parelheiros e diariamente vem para comercializar girassóis e passarinheiras, entre outras flores que vende.

Saúde

A Associação de Assistência Mútua à Saúde SBC foi fundada em 1962, no início oferecendo serviços de assistência médica exclusivamente a funcionários e cooperados da Cooperativa Agrícola de Cotia. A SBC foi pioneira na implantação do sistema de mutualidade assistencial no Brasil.
Em 1994 ampliou sua participação no mercado e em 1997 inaugurou sua sede própria no bairro da Vila Leopoldina, em São Paulo, que abriga o Hospital SBC. Em 2005 constituiu sua própria operadora de planos de saúde para atender a crescente demanda por planos empresariais. O hospital ocupa uma área de 2.500 m² na Vila Leopoldina e conta com uma operadora de plano de saúde além do próprio hospital.
O hospital criado para a colônia japonesa tem como característica oferecer atendimento em japonês para os associados. “Os médicos do SBC falam japonês e atendem a maioria de seus clientes no idioma”, informa Cristina Shinkawa, do Departamento de Marketing. Entre as diversas especialidades, conta com diagnóstico com tomografia computadorizada, densitometria óssea, raio x, mamografia, ultrassonografia e laboratório de análises clínicas, além de uma unidade de internação com 25 leitos sendo quatro localizados na Unidade de Suporte Avançado. Tem um centro cirúrgico com três salas e um serviço de pronto-atendimento 24 horas com cobertura clínica.

Gastronomia

Uma das coisas que aprendemos a gostar com os japoneses é de sua culinária delicada e saudável. A Vila Leopoldina já reuniu um maior número de restaurantes na especialidade, por conta do grande número de japoneses e descendentes que trabalham e vivem na região. Atualmente, a estimativa é que sejam cerca de vinte. Entre eles, o Buffet Yano, que começou suas atividades em 1968 como bufê e há 18 anos como restaurante que serve grande variedade de pratos japoneses em sistema de bufê por quilo. No comando da casa encontramos dona Amélia Haruko Yano, neta de japoneses que chegaram ao Brasil em 1910 no navio Riyodyon Maru, que foi o segundo navio com imigrantes japoneses a aportar em Santos. Ela e o marido Luiz Hitozi Yano, depois de alguns anos vivendo no interior do Estado, vieram para São Paulo onde tiveram uma loja de sucos na Ceagesp e mais tarde o bufê e o restaurante. “Na Ceagesp foi quando eu mais ganhei dinheiro”, lembra a simpática sansei.

Religiosidade

O xintoísmo e o budismo são as duas religiões mais praticadas no Japão. Aqui, japoneses e descendentes seguem essa tradição, mas é grande o número dos que praticam o catolicismo. Na Vila Leopoldina, a Igreja Nossa Senhora de Fátima realiza no terceiro domingo de cada mês, às 16 horas, uma missa celebrada pelo Frei Aléssio, fluente em português e japonês.

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