Pisando fundo na Stock Car

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Lapeano desde 1988, Ricardo Maurício, 29 anos, é o piloto da categoria Stock Car que está liderando o campeonato de 2008 após cinco etapas. Nesta entrevista, conta um pouco da sua história no bairro, da sua carreira pilotando carros que ultrapassam os 240 km/h. Começou cedo, com 10 anos, pelo kart e foi campeão brasileiro de Fórmula Ford, em 1995, campeão espanhol de Fórmula 3, em 2003. Passou pelas fórmulas Vauxhall, 3 inglesa e 3000 Internacional. Corre na Stock Car desde 2004. Ele é um dos pilotos cotados para abocanhar o inédito prêmio de 1 milhão de dólares se vencer a etapa do Rio de Janeiro em 31 de agosto. Leia a entrevista e torça por ele.

Estudou no bairro?
Sim, a maior parte foi no Santo Ivo e fiz o colegial no Campos Salles.

O que você acha do bairro?
Adoro morar por aqui. É um lugar tranquilo, calmo, pelo menos na minha região. É fácil o acesso para todos os lugares. Só falta darem uma boa recapeada no asfalto, que está com muitos buracos e remendos.

Você já começou pelo automobilismo ou queria fazer outro esporte?
Corro desde os 10 anos de idade e pretendo me aposentar no automobilismo. Comecei no kart e logo peguei a paixão pelas corridas.

Você se inspirou em algum piloto no início da carreira?
Lógico que no Senna, o grande Ayrton Senna, mais também no Schumacher. Hoje, gosto do Felipe Massa, um grande piloto ao qual só falta um pouco mais de sorte na carreira, porque talento tem de sobra. A família dele também morou aqui na Lapa.

O Brasil tem um grande número de ótimos pilotos, por que temos um trânsito violento?
É difícil encontrar uma resposta única para esse tema, porque os acidentes são provocados por vários motivos, como estradas péssimas, carros sem revisão, a inexistência de um selo de manutenção municipal ou estadual, caminhões em excesso nas áreas urbanas e sem qualquer cuidado com a manutenção. Além, é claro, da imprudência e do desrespeito às leis por parte de muitos motoristas.

Qual é a sensação de pilotar um carro a mais de 200km/hora?
A sensação é de muita adrenalina, emoção, velocidade… Em um teste na Fórmula Indy cheguei a 380 km/h.

O que é mais difícil na carreira?
Acho que arrumar patrocínio é o que deixa os pilotos mais tensos. Saber se vai correr no ano seguinte, se estará empregado, tudo isso é muito desgastante.

Qual foi a melhor corrida?
Fiz várias corridas que não dariam para esquecer, como no GP de Macau (China) de Fórmula-3 em que fui vice-campeão e as minhas vitórias na Stock Car. Mas quem sabe se ela não está ainda por vir na corrida do milhão de dólares no Rio de Janeiro…

Na etapa do Rio de Janeiro, em 31 de agosto, a prova vai dar ao vencedor um prêmio de 1 milhão de dólares. Será uma prova diferente?
Certamente será uma prova que valerá por um campeonato. Todas as equipes estão se preparando para esta corrida com cuidados especiais. Essa premiação é inédita e para os patrocinadores proporcionará um ano inteiro em termos de retorno de mídia.

Qual é a importância da equipe?
É 100% importante, pois é a equipe que proporciona o equilíbrio do carro, a experiência, o trabalho duro para deixar tudo em ordem. A vontade de ganhar nos ensina muito em nossa carreira. Para mim, minha equipe é fundamental para minha evolução e resultados. Por isso falamos que trabalhamos sempre em equipe. Isso já diz tudo.

A concorrência entre os pilotos é muito acirrada. Há companheirismo entre os pilotos?
A WA Mattheis tem dois carros. A equipe integra a organização do Andreas Mattheis, que tem outra estrutura pela qual correm o Marcos Gomes e o Valdeno Brito com o mesmo patrocínio da Medley – uma das maiores indústrias farmacêuticas do Brasil. Eu e o William Starostik trabalhamos em conjunto para otimizar os resultados, porque sabemos que o importante é fazer com que o vencedor seja sempre quem está viabilizando nossas carreiras e pagando nossos salários.

A Stock Car cresceu em número de pilotos e de público. Qual é o grande atrativo da categoria?
Lógico que a transmissão ao vivo da TV Globo alavancou o interesse de empresas de investir em algo que hoje é concreto. O retorno de mídia na Stock Car é garantido. Por isso é que existem tantas grandes empresas parceiras da categoria e patrocinando carros e pilotos.

Quem são os seus principais adversários?
É impossível apontar um número, porque hoje o nível da Stock Car possibilita a qualquer piloto vencer uma corrida. Por isso temos de continuar nosso trabalho sem perder o foco, mesmo liderando o campeonato e estando bem em todas as provas. Se baixarmos a guarda, vamos comer poeira. Não paramos o trabalho e o desenvolvimento dos carros, o que nossa equipe sabe fazer muito bem.

Você já correu em outras categorias. No que a Stock se diferencia das demais?
A Stock Car é um carro de turismo, com motor V8 de 480 cavalos motor e peso total de 1.250 kg. Corria com carros com a mesma potência, monopostos parecidos com os Fórmula 1, com motores de 500 HPs, 650 kg.

Seu plano é continuar na Stock Car?
Por enquanto estou superfeliz onde estou, mostrando meu trabalho e isso é o que importa. Claro que teria muita vontade de correr fora, principalmente nos EUA em categorias com Indy, ALMS, Grand Am… São ótimas categorias e lógico que buscamos sempre novos desafios. Mas ainda tenho uma história para fazer na Stock Car e espero escrevê-la.

Você pratica outros esportes além da velocidade? Quais?
Corrida a pé, musculação, preparação física em geral. Não pratico outros esportes para não correr riscos.

Torce para algum time?
Não torço por nenhum clube em particular, apenas para o Brasil em competições importantes como Copa do Mundo e Olimpíadas.

Como você dirige no trânsito de nossa cidade?
Sou tranqüilo. Tenho um carro 1.6 Flex para não dar a vontade de acelerar. E também porque a gasolina está cara, então o negócio é abastecer com álcool…

Qual é a sua opinião sobre a “lei seca”? É a favor?
Acho correto. Quem quiser beber que passe a direção para outra pessoa ou volte de táxi. Ninguém tem direito de colocar em risco a vida de outras pessoas. É uma lei que deve ser apoiada e que já está mostrando resultados.

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