A imigração e as artes marciais

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Com certeza a grande preocupação dos imigrantes japoneses era a educação dos seus filhos na nova pátria. Além da enorme dificuldade de comunicação, em virtude do idioma e da diferença da escrita, havia um grande distanciamento entre brasileiros e japoneses no que tange à própria concepção de mundo. Os japoneses olhavam o seu mundo através de filosofias como o xintoísmo, o taoísmo, o budismo e o confucionismo, doutrinas que pregavam virtudes como honestidade, humildade, honra, respeito aos antepassados, aos mais velhos e aos pais. Demonstravam um forte apreço ao conceito de hierarquia, davam importância à disciplina na vida diária , assim como à etiqueta em sociedade. Admiravam a coragem, assim como a retidão de caráter de uma pessoa. E assim, pretendiam passar toda essas virtudes aos seus filhos.
Claro está que tudo isso era passado por gerações com ensinamentos de pai para filho e de mestre para os seus discípulos. Eles praticavam artes variadas e entre elas as artes marciais, ensinamentos herdados dos antigos samurais.
Algumas dessas artes marciais se tornaram muito populares como o judô, o karatê-dô, o aikidô, o kendô. Algumas derivam do jujitsu, que era a arte guerreira dos samurais ou da arte da espada. A palavra “do” (caminho) no final de cada uma significa, além de uma modalidade esportiva, um caminho de autoconhecimento, de aperfeiçoamento humano e de formação exemplar do caráter.
No início os praticantes eram descendentes de japoneses e membros da colônia, mas atualmente o número de pessoas de outras origens é significativamente maior.
O judô, por exemplo, auxilia os pais na tarefa difícil de educar. Ele foi criado para ser uma atividade educativa para as crianças, jovens e adultos. Eles ficarão fortes e evitarão problemas obesidades.
Na nossa região tivemos grandes academias com mestres como o sensei Chiaki Ishii, medalha de bronze nas olimpíadas de 1972. Havia o Lapa JudoClube, do sensei Fuyo Oide, de onde saíram grandes atletas, como Sumio Tsujimoto, lapeano de nascença, com vários títulos nacionais e internacionais e que transmite seus conhecimentos à comunidade da Lapa há 30 anos na academia Kito (Rua Cerro Corá, 2.187 – Alto da Lapa).
Além de tudo, uma arte marcial é um caminho por onde fazemos amigos. Podemos ir a qualquer lugar do mundo com o nosso quimono e faremos novos amigos. Verdadeiramente creio que esse é um dos belos presentes ofertados pelos nossos imigrantes japoneses. E mais uma vez, arigatô!

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