Regis Tadeu: a crítica sem concessões

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Regis Tadeu tem um conhecimento enorme do cenário musical brasileiro e de fora. O ex-dentista e baterista trocou o consultório pelo texto e voz e é hoje um dos críticos mais ferinos. Sem nenhum arrependimento, garante.

Paulistano, Regis Tadeu sempre gostou de música e de odontologia. “Fui dentista por vinte anos e adorava a profissão, assim como a música. Sempre comprei revistas estrangeiras e comprava e compro ainda hoje CDs e LPs de gente que gosto de ouvir. Nem sei a quantidade que tenho em casa. Mas não me considero um colecionador. Além de comprar também muitos discos de bandas, e ouço todos, sem exceção.”

De dentista para jornalista de música não foi planejado. “Minha namorada conhecia a namorada de um editor de revista de música que precisava de alguém para fazer críticas de discos. Além das críticas fiz matérias e em uma edição escrevi sobre a banda Metallica e a revista vendeu muito mais. Acabei fechando o consultório em Perdizes e fiquei na música, mas conclui todos os tratamentos e ainda leio sobre odontologia que eu adoro”, conta.

O trabalho de crítico musical é revestido de uma sinceridade única. Regis lembra que não “critico a pessoa e sim o trabalho dele/dela. Por isso, nunca me arrependi de nenhuma opinião que escrevi sobre bandas ou sobre calouros no Programa Raul Gil, do SBT. Ou nos vídeos que eu faço, e entrevistas que dei”. Não faz concessões. Quando o SBT o procurou para ser jurado do programa, ele disse que não faria um personagem. “Eles aceitaram e estou lá desde 2010. Até manero em alguns comentários porque é TV”, afirma.

Regis Tadeu_28-10-19_CF (12)Segundo ele, o cenário musical brasileiro “está em um momento muito rico mas tem muita bobagem por aí. A maioria das novidades não chega ao mainstream, às rádios e TVs. Tem muita ‘lacration music’, termo que criei para identificar artistas mais interessados em marcar posição, ou lacrar, do que apresentar boas músicas. Quer lacrar? Lacra! Mas apresenta um bom trabalho, pô! Não adianta valorizar cantores como o Pabblo Vittar por conta da posição que ele assumiu. Vamos valorizar a boa música. No caso dele, não dá para colocar na mesma frase, Pabblo Vittar e boa música!”, fala sinceramente.

Anitta e outros artistas não escapam de sua verve. “Ela não tem mérito nenhum como cantora. O que tem é muito dinheiro por trás da carreira dela”. E esse é segundo ele, é um dos motivos para tanta gente querer também tentar fazer sucesso em programas de calouros ou realitys. “As pessoas vêm gente fazendo sucesso com músicas para retardados e também quer arriscar”.

Os programas de reality para Regis, “não servem para lançar cantores e sim dar audiência às emissoras. São programas para idiotas. O vencedor ao invés de ganhar uma carreira musical fica estigmatizado pelas outras emissoras que não vão chamá-lo. Um exmplo é a Vanessa Jackson, vencedora do primeiro The Voice. Dona de uma boa voz e almejava uma carreira e tinha condições. O problema dela e de outros participantes é a escolha do repertório”. Ele vai além e cita os programas dos BBBs e A Fazenda. “São programas endereçados à uma massa de espectadores retardados!”

Como profissional de música ele assiste aos festivais para fazer seu trabalho. “Assisto do melhor lugar do mundo: a poltrona do meu apartamento”. Comenta que de positivo os festivais oferecem aos brasileiros bandas e cantores que dificilmente fariam tourné por aqui. “Só não dá para aguentar aquelas parcerias que eles inventam como o show do Ney Matogrosso e Nação Zumbi em festivais passados. Uma das coisas mais pavorosas que assisti”.

Regis tem canal no YouTube com quase 200 mil seguidores. “Entrei tarde nas redes mas quando entrei decidi que teria que dar conteúdo para os meus seguidores. Não quero ser apenas mais um!”.

Na Rádio USP ele tem dois programas: “O Rock Brazuca com músicas de todas as épocas e o Lado Z, programa de música brasileira obscura”.

Ele tem um lado ambientalista. “Luto contra o plástico. Estamos consumindo microplásticos, através de alguns peixes. Mas se declara sem frescuras para comer e um carnívoro total!”.

A vinda para a Vila Leopoldina aconteceu em 2004 quando saiu da Bela Vista para ficar mais próximo ao trabalho na editora. “A Vila Leopoldina mesmo crescendo vertiginosamente ainda ostenta uma tranquilidade e tem uma infra muito boa e bons serviços”, mas, com certeza, se ele tiver alguma coisa para reclamar da região, com certeza não vai pegar leve. Esse é o estilo Regis Tadeu de ser! (GA)

www.registadeu.com.br

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