A arte que educa

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A artista plástica e educadora Stela Barbieri

A artista plástica e educadora Stela Barbieri, através de seu trabalho na Oficina Cultural Oswald de Andrade, quer inspirar nas pessoas outras sensações além do visual.

Stela chegou à V. Romana “há mais de 20 anos. Aqui morei em vários endereços. O bairro ainda transmite um clima tranquilo de cidade do interior”. Hoje, ela mora na Vila Madalena com Fernando Vilela, marido, artista gráfico, escritor e ilustrador. O ateliê Bináh, na V. Romana, onde o casal divide espaço, é onde acontecem os cursos e oficinas que eles ministram para o público em geral, explica a artista nascida em Araraquara, interior de São Paulo, “mas temos trabalhos bem diferentes”, afirma.

Ela credita aos pais o incentivo em direção às artes. Também cita três tias, lá em Araraquara, que faziam do quintal da casa um lugar de aprendizado. “Elas ensinavam artes, francês, contavam histórias e educação física. Graças a elas e aos meus pais, tive uma ótima formação”, conta sorrindo. Aos 17 anos foi para Campinas cursar jornalismo na PUC. Lá, ela e outras duas amigas formaram um grupo de intervenção artística e o curso ficou incompleto por conta da arte.

O trabalho que desenvolve como escritora já rendeu mais de 20 livros publicados. O livro Interações – onde está a arte na infância?, editado pela Blucker, foi adotado pelo Ministério da Educação e Cultura para compor a biblioteca de educação infantil e ensino fundamental nas escolas.

Ser contadora de histórias, provavelmente herança do aprendizado com as tias, a motiva a sempre estar em contato com o público infantil e aproveita para transmitir suas experiências de uma forma artística.

Para Stela, o trabalho de educadora – “é tão importante como as artes plásticas e, para mim, o papel do educador é ampliar a consciência das pessoas” –, teve início na adolescência, quando oferecia seus serviços de babysitter para a vizinhança. Além de mexer com arte, Stela trabalha na Escola Experimental Vera Cruz, “com crianças de zero a sete anos” e na Escola Castanheiras. Foi curadora educativa na Fundação Bienal de São Paulo e no Instituto Tomie Othake exerceu por anos o trabalho de ação educativa para professores e jovens.

Um parêntesis. A lembrança do convívio com a família Othake deixa a artista mais séria, quando lembra a morte da colega de arte, Tomie Othake, ocorrida recentemente. “Ia almoçar com ela e os filhos e sempre foi uma fonte de inspiração e de admiração como artista e mulher”, afirma.

Com muitas exposições realizadas, Stela Barbieri está com nova instalação, desde final de fevereiro até 25 de abril, na Oficina Cultural Oswald de Andrade (R. Três Rios, 363, Bom Retiro). A obra oficina “#desfrutar #para ver a paisagem” está dividida em dois espaços: “#para ver a paisagem é uma forma de apreensão do mundo, um desenho que traçamos a partir de relações com a realidade que nos cerca ou com os lugares que nos povoam (…)”. #desfrutar “consiste na instalação de um ambiente que mescla pomar, uma cozinha e uma mesa de encontros. O público é convidado a inventar paisagens, sentir outras emoções e sensações. Na parte externa, árvores frutíferas e ervas foram trazidas do sítio da artista para serem tocadas, sentidas e usadas. “É uma instalação diferente para a maioria das pessoas. Quero que elas vivam experiências estéticas através do meu trabalho”. Essa exposição teve dois anos de preparação.

Como profissional da arte, Stela dá sua opinião sobre as mostras que a cidade tem recebido com sucesso de público, como a de Salvador Dalí, no Instituto Tomie Othake, e de Ron Mueck, na Pinacoteca. “São ícones da arte mundial e atraem as pessoas. É interessante pensar no que mobiliza as pessoas a irem a um museu. Tem o boca a boca e a divulgação da mídia. O bacana é que as pessoas tenham contato com a arte e se uns se incomodam, outros se divertem. A arte é uma experiência que pode alargar as possibilidades de percepção e sentido na vida das pessoas”, diz.

Atualmente, ela vê a cidade como um bom lugar para os artistas mostrarem seus trabalhos. “Temos bons espaços, como as Oficinas Culturais, a rede Sesc e outros espaços como a Central Galeria de Arte, na Vila Madalena, onde fiz no ano passado a mostra ‘Vórtices’ ”, conta. 

www.stelabarbieri.com.br
www.binahespacodearte.com.br

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