Mãe é poderosa

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Com a chegada do Dia das Mães, o comércio e as pessoas ficam agitados. Não é para menos: mães são seres quase sagrados, ocupam lugar junto com qualquer santa de devoção. E é com razão: são elas, com atenção e energia inesgotável, que geram, criam, educam e formam novos seres humanos. Imagine a responsabilidade que é criar um novo ser, orientá-lo por caminhos desconhecidos. Mas, às vezes, mesmo com a melhor das intenções, elas erram. Para discutir um pouco a influência das mães sobre os filhos, conversamos com a psicóloga e psicopedagoga Cleide Romero (telefone 3832-6161), formada há oito anos, com especialização em atendimento de crianças e adolescentes. A importância do diálogo, desde sempre, do respeito pelo ser humano que o filho é e outros temas relevantes foram falados pela psicóloga.

Mãe é mesmo tudo isso?
Sim, a importância da mãe na vida da criança vem desde a gestação, desde o momento que ele foi planejado, concebido, se foi com amor. Tudo isso influencia no seu desenvolvimento. A mãe é o primeiro amor dessa criança, tanto do menino quanto da menina. É ela que dá o exemplo, que introduz a criança na vida social, que leva na escola, que troca, que ensina, e esses momentos são importantes. Mãe fica feliz com coisa boa, fica triste quando se faz uma coisa errada…

E depois que ele nasceu?
Num primeiro momento ela está superidentificada, aí o bebê começa a se identificar com a mãe. Vai ser o encontro dos dois, eles vão se identificar juntos: é o chamado holding, que é segurar a criança, dar aconchego. Se ele não tiver isso, vai se sentir despedaçado. A mãe vai possibilitar para ele o externo e tudo que vier dela vai ser importante. Então precisa ser uma relação boa, demonstrando o que é bom e o que é ruim. O bebê precisa perceber que a mãe tanto vai amamentá-lo quanto deixá-lo com fome.

É nessa fase que começam as manhas? É hora de impor limites?
Quando o bebê chora muito e você acha que ele está com fome, amamenta toda hora. Ele vê aquilo como uma coisa fácil, então para tudo ele vai chorar. Precisa saber qual é o momento de amamentar. É uma coisa natural: impor limites desde a amamentação. Ela precisa controlar o filho entre se tornar um tirano ou não. Esse controle está na mão dela.

E o pai?
O bebê começa a perceber que existem outras pessoas, inclusive o pai, com seis meses. Ele vai perceber que é uma pessoa separada da mãe. Então tudo que a mãe é influencia. A mãe é o modelo tanto das coisas boas quanto das ruins. Até porque se você só der coisa boa pra ele, ele não vai ter parâmetro na vida, tem que saber a hora de dar e de não dar.

Mãe que teve uma educação repressora vai passar isso para o filho?
Pode passar ou não. Se ela tem consciência disso, com certeza não vai passar para a criança.

Aí ela vai ser liberal?
Também pode ser que não, vai depender muito da evolução dessa mãe.

E casais que se separam quando a criança é pequena?
A separação vai depender muito de como ela é realizada: existem casais separados que os filhos se dão super bem, os filhos convivem com os dois e isso é muito comum hoje em dia. Viver com o pai ou com a mãe não é problema, mas para algumas crianças é. Tudo depende de como foi feita a separação, porque é muito comum o casal se separar e um deles falar mal do outro. Isso é complicado, porque a criança gosta dos dois.

Mas elas têm uma maturidade muito grande…
Se a mãe chega para um filho, criança ou adolescente, e fala mal do pai, ela já percebe que contar para o pai o que a mãe falou vai ficar complicado. É uma autodefesa.

E como ficam as famílias?
Existem crianças que não têm mãe, nem família estruturada. Aliás, hoje nem se fala mais isso, porque às vezes uma família estruturada não é uma boa família porque é falsa. Os casais ficam juntos por causa de filhos. Isso é terrível porque eles percebem tudo: quando o casal está brigado, são falsos. É complicado para eles viver assim, é como se vivessem uma vida falsa: quando estão com a mãe, têm que ser de um jeito, com o pai de outro. Isso interfere no desenvolvimento emocional, na personalidade.

É bom ter uma babá?
Atualmente é uma necessidade. Não é o tempo que você vai estar com a criança que vai dar algo a mais, mas a qualidade do que você oferece a ele, o vínculo, o acolhimento que a mãe pode oferecer à criança. Mas temos visto ocorrências com babás que são terríveis. Para algumas crianças a presença da babá, ou a falta da mãe, pode pesar mais que para outras.

O que fazer para melhorar a relação com os adolescentes?
Dos 15 aos 18 anos ele ainda está crescendo, não é criança nem adulto, não cabe em lugar nenhum. O adolescente está querendo ser ele mesmo e a mãe não deixa. Por isso ele procura os grupos. E nos grupos, às vezes, ele vai encontrar coisas que não são adequadas, como as drogas, a sexualidade promíscua. A mãe tem que compreender esse momento. Precisa ter muita orientação da família, possibilitar para ele as informações necessárias, lembrando que toda a formação, desde pequeno, conta muito, o aconchego, o apoio – isso tudo vai ser uma carga para as decisões que ele vai tomar.

O que fazer para ser uma boa mãe?
Uma boa mãe precisa amar o filho, respeitar os limites dele desde bebezinho pra que possa ensinar e orientar e isso seja absorvido por ele. Principalmente na adolescência, o respeito é a coisa mais importante que existe. É muito comum os pais não respeitarem o desejo dos filhos. Não dá para mudar um adulto, mas dá para mudar a forma como o adolescente vê o adulto. Mãe não pode impor nada para o filho, ela tem que respeitar o que ele é e o que ele gosta e harmonizar com os limites que ela precisa dar. Se tiver esse diálogo, vai existir harmonia.

E como saber se somos boas mães? A pergunta que não quer calar (risos).
Olha, eu acho que uma boa mãe é aquela que sabe o momento certo de dar e de tirar regalias, de colocar ou não limites…



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