Um negócio com um conceito pra lá de inovador abre as portas na Vila Leopoldina. Lá, ao invés de dinheiro, a moeda corrente tem cor, textura e quilo.
Imagine um banco onde você pode depositar quilos de qualquer tipo de tecido, deixar estocado ou retirar outros tipos de que necessita. Não é preciso mais imaginar, esse lugar existe e se chama Banco de Tecido.
A ideia surgiu há alguns anos, quando a cenógrafa e figurinista Lu Bueno se deu conta de que possuía quase uma tonelada de tecidos de várias cores, modelos e tamanhos e que não tinha para onde destinar esse material. “Ao mudar meu escritório para esse local no bairro, precisei reorganizar tudo o que tinha colecionado nesses 25 anos de trabalho (sabe que todos nós, cenógrafos, somos acumuladores, né?!)… Cheguei a doar sapatos, roupas, acessórios, mas não sabia o que fazer com os tecidos. Então, resolvi pesar e tomei o maior susto ao descobrir que tinha perto de 800 quilos”, declara.
Após o susto, Lu decidiu começar uma ação entre amigos, também figurinistas, que traziam seus tecidos, levavam outros e “giravam” esse material, tão caro e precioso. “A coisa que era pequena, então, começou a tomar vulto e eu comecei a entender que isso é uma ação social, pois eu estava recolocando aqueles tecidos no mercado, na linha de produção novamente, e impedindo que tudo embolorasse e fosse para o lixo”, declara a cenógrafa.
Depois de muito matutar sobre o assunto, Lu pensou num novo negócio, que tem muito a ver com economia criativa e sustentabilidade e que não existe em nenhum outro lugar no mundo. Então, Lu uniu forças com a advogada Carolina Moraes, que a princípio iria cuidar somente do aspecto legal do novo negócio, e em janeiro deste ano inaugurou o Banco de Tecido. “Aqui a pessoa pode somente depositar seus tecidos e nós ficamos com 20% de seus quilos (para exemplificar, se uma pessoa traz 10 quilos de lã, ela fica com um crédito de 8 quilos, que pode retirar por viscose, seda, etc. a qualquer hora), como também comprar qualquer tipo de retalho por R$ 35,00 o quilo”, explica Carolina.
E as ideias das sócias não param por aí. Elas querem amplificar o negócio num futuro próximo, oferecendo palestras, cursos e oficinas, além de promover ações que visem informar as pessoas sobre a importância dos tecidos, de onde são retirados e para onde vão ao serem descartados. “O tecido tem, para quem gosta, um valor alto, afetivo e real e cabe a nós pensarmos novas formas de lidar com ele e com outras coisas de maneira mais inteligente e sustentável”, finaliza Lu.
Banco de Tecido
Rua Campo Grande, 504, Vila Leopoldina
Telefone 4371-3283
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