Cesar Callegari e a educação

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Foto: Tiago Gonçalves

Tiago Gonçalves
Cesar Callegari

Com grande experiência na área da Educação, o sociólogo Cesar Callegari, morador da Vila Leopoldina, em entrevista exclusiva, analisa e propõe caminhos para a educação do país.

Em seu blog (@callegaricesar), o sociólogo Cesar Callegari faz críticas pontuais e diz que é “uma forma de ajudar e discutir a educação. Faço isso pelos anos dedicado à educação”. Ao analisar o trabalho do Ministério da Educação do governo federal, “Não diz a que veio. O perigo que vejo é a proposta do ministro Paulo Guedes que pretende liquidar o pacto nacional pela saúde e educação. Pela sua importância, saúde e educação, estão protegidos pela Constituição em seus recursos. São 25% para estados e municípios e 18% para o governo federal aplicar da arrecadação de impostos. O Paulo Guedes quer acabar com isso e isso significa destruir um sistema já combalido e com muitos problemas. Educação é política de estado e não de governo! E precisa ter sustentação em curto, médio e longo prazo. Isso pode comprometer e agravar e muito as desigualdades do país e comprometer nosso desenvolvimento no curto prazo e agravar as nossas dificuldades sociais e a democracia”.

Cesar é um dos diretores do IBSA – Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada. Foi secretário da Educação da cidade de São Paulo, secretário de educação básica do MEC e por 12 anos integrou o Conselho Nacional da Educação. É autor da maior parte das diretrizes curriculares que estão vigor no País.

Sobre a escola sem partido, para o sociólogo, “sob este título enganador, se pretende estabelecer uma lei de mordaça e de terror contra os professores brasileiros. Isso é ruim para a educação brasileira. Esses conceitos, são criados para atingir pessoas sem visão crítica. Evidência disso é que se isso fosse verdade que as escolas tivessem um ideologia de esquerda, o País jamais teria eleito um governo de extrema direita. Professores têm a responsabilidade de apresentar diferentes visões da política, dos costumes e isso faz parte da vida. Sabemos que o epicentro deste movimento está localizado em setores ultraconservadores na Europa. É uma arquitetura muito bem pensada para ganhar as consciências pouco avisadas sobre essa pseudo ameaça à nossa base social. É uma mentira e tem um propósito: exercer uma pressão contra as escolas e os professores. São pessoas de índole atrasada e autoritária”, afirma.

Para ele, o papel do professor é fundamental. “É a mais importante de todas as profissões. Como todo bom profissional ele precisa ter amor pela profissão e dedicação para formar uma sociedade. Falta uma valorização da carreira de docente e são poucos os jovens que optam pelo magistério. Os governos deveriam cuidar para que o magistério fosse uma opção atraente. Em muitos países ser professor é a primeira opção e é valorizada. O Brasil não faz isso”. Cesar lembra que toda a escola pública que tem boa avaliação atrai famílias de todas as classes sociais. E dá como exemplo as creches próprias da Prefeitura de São Paulo, referência nacional e que pode servir de exemplo para outras cidades brasileiras.

Há outros bons exemplos em matéria de educação no Brasil, “Ceará, Pernambuco e Espírito Santo são estados com menos recursos que São Paulo e avançaram no ensino médio. Os professores trabalham em boas condições – equipamentos e remuneração. Isso mostra que o Brasil tem demonstrado claramente que é possível avançar”.

Sobre o ataque aos alunos da escola Raul Brasil em Suzano, Cesar analisa que “É uma tragédia e um ato extremo de violência dentro de um quadro que acomete as escolas. Como se combate essa violência? Não deixando ninguém para trás. Por algum motivo, esses meninos foram abandonados talvez pela família e em certa parte pela própria escola. O abandono leva à solidão e a processos de angústia profunda e pode levar a atos como esses de Suzano. A segurança das escolas está no fortalecimento de seus laços com a comunidade. E ao mesmo tempo, é preciso cuidar de cada aluno como algo muito precioso, se você descuida da criança e acha ‘natural’ que ela não precisa ser alfabetizada ou deixe a escola. A ignorância é a raiz primeira não só do autoritarismo mas também de todas as formas de violência”, conclui. (GA)

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