A delicadeza de Amélia Yano

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Prestes a comemorar 80 anos, Amélia Yano, é um exemplo de dedicação e trabalho. Diariamente ela recebe com delicadeza e atenção os clientes do Buffet Yano.

Nascida em Presidente Prudente, interior paulista, Amélia, ou Haruko, seu nome em japonês que significa filha da primavera, é descendente dos 919 imigrantes japoneses que chegaram em 1910 em Santos a bordo do navio Ryojun Maru. Seus avós paternos vieram da província de Furuoka e a família de sua mãe, de Kagawa.

Em agosto de 2010, Amélia e amigos, para comemorar o centenário da chegada desses imigrantes japoneses, mandaram construir, e mantêm até hoje, dois jardins tipicamente japoneses no Clube-Escola Pelezão, na Lapa. É uma homenagem aos imigrantes japoneses que chegaram no do Ryojun Maru e de agradecimento ao Brasil, pela acolhida.

Tiago Gonçalves
O lago com os nishikigoi

Filha única, Amélia lembra que por influência do seu pai, trocou o campo pela cidade. “Ele achava que a cidade seria melhor para a família e para a minha educação”. O casamento de Amélia com Luiz Hitozi Yano, seu primo de segundo-grau, durou 41 anos e com ele teve três filhos, Celina, César e Cristina.

O marido Luiz era um excelente marceneiro e o casal foi dono, por anos, de uma marcenaria e loja de móveis em Presidente Prudente. A dificuldade em encontrar jovens dispostos a aprender o ofício da marcenaria, levou Luiz e Amélia a vender o negócio e se dedicar à uma fábrica de sorvetes e sucos. “Inicialmente, nosso destino seria a cidade de Campinas, mas acabamos indo para Jundiaí, onde chegamos em 1967”, lembra Amélia.

Tiago Gonçalves
Celina, Amélia e Cristina Yano

No ano seguinte, o casal trocou Jundiaí por São Paulo e eles se estabeleceram na Ceasa, como era chamada a atual Ceagesp, na Vila Leopoldina. “Começamos com um quiosque onde vendíamos sucos e sorvetes e com o passar do tempo, chegamos a ter nove quiosques”, Amélia faz questão de contar que “depois, quando resolvemos sair da Ceagesp, depois de duas décadas, fomos passando os quiosques para os nossos funcionários”. “Além dos sucos, também vendíamos salgados e lanches para o pessoal do entreposto, que naquela época só funcionava à noite”, diz.

A troca dos quiosques para o ramo de alimentação deu origem ao Buffet Yano, em 1977. Amélia conta que o início foi meio por acaso. “Uns conhecidos resolveram fazer uma festa e nos encomendaram os salgadinhos, que nós não sabíamos como fazer, mas no final deu certo e a partir daí outros convites surgiram e acabamos nos dedicando a fazer festas e eventos de todos os tipos”, conta sorrindo.

Amélia Yano em seu buffet
Amélia Yano em seu buffet

A convivência da família Yano com famílias japonesas e brasileiras, lembra Amélia, “ajudou muito, a conhecer os gostos e preferências de cada um de acordo com a festa ou evento contratado”. Neste ano, quando Amélia comemora seus 80 anos, o Buffet Yano, empresa que fundou com o marido Luiz, chega aos 40 anos de existência. Para ajudá-la na empreitada, Amélia conta com a filha Celina e o genro Celso mais a filha Cristina que são as pessoas que cuidam dos negócios da empresa. Além dos eventos e festas, o Yano serve diariamente no almoço, um variado bufê a quilo e tem uma clientela cativa da Vila Leopoldina e arredores.

Amélia se quisesse deixar de trabalhar, poderia fazê-lo tranquilamente. Mas ela mesma não gosta da idea de aposentadoria. “Ficar em casa fazendo o que?”, pergunta. Todos os dias, ela veste seu uniforme e circula pelas mesas e pelo salão verificando os réchauds dos alimentos que estão sendo oferecidos aos clientes. Com um sorriso e delicadeza, circula conversando com os clientes.

Desde que chegou a São Paulo, Amélia conta que sempre morou na região da Lapa e Leopoldina. Conta que morou por trinta anos na Rua Guararapes, mas “também morei em outros endereços como na Guaipá. Hoje moro com a minha filha Cristina em uma casa, aqui perto do Buffet Yano”, diz.

Qual é a receita para chegar aos 80 anos com toda essa disposição? Segundo ela, “Tenho uma família unida e abençoada, além dos amigos, funcionários e clientes que são para mim também minha família. E acreditar em Deus!”. O único momento de tristeza de Amélia é quando lamenta a ausência do marido Luiz e do filho César. Se anima ao citar os netos Caterine, Kenzo e Cristal, filhos de Celina e Celso. Garantia que Amélia e a família Yano ainda vão comemorar muitos outros aniversários.

Buffet Yano, Rua Potsdam, 136, Vila Leopoldina, tel. 3648-9317, www.buffetyano.com.br

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