O mundo precisa de paz

Único projeto do Brasil indicado para o Nobel da Paz 2015 teve origem na Lapa.

Os moradores e frequentadores da Lapa podem ficar ainda mais orgulhosos do bairro. É que um dos projetos indicados para o Nobel da Paz 2015 foi obra de um de seus filhos queridos: Gaetano Brancati Luigi, imigrante italiano e lapeano de coração, criador do Marco da Paz.

Ele conta que essa obra começou a ser cunhada lá nos idos de 1940, quando a Europa vivia o horror da Segunda Guerra Mundial. “Eu era criança, tinha 8 anos em 1945, quando essa guerra acabou. Vi minha cidade de origem [Orsomarso, província de Cosenza, na Itália] ficar devastada pelas bombas. O sofrimento era enorme, não havia comida, não havia nem felicidade naquela época… mas quando os sinos da igreja anunciaram o final da guerra com muitas badaladas, saí na rua esperançoso, entre muitas pessoas ansiosas, que só pediam a paz”, conta.

A família de Gaetano, assim como muitas famílias italianas, emigrou para outros países – na época ele tinha 12 anos. Primeiro foram para a Argentina, depois para o Brasil. Aqui fizeram a vida no bairro da Lapa. Tiveram lojas na rua 12 de Outubro e ele acabou trabalhando na Associação Comercial da Lapa e depois na Associação Comercial de São Paulo. Mesmo vitorioso e atuante, Gaetano nunca se esqueceu daquele forte sentimento que o perseguia desde 1945 e quis transformá-lo em algo palpável e visível, para que as pessoas pudessem, ao menos, vislumbrá-lo para nunca se esquecerem da importância da paz. Foi então que, em 1999, através da construção do primeiro monumento Marco da Paz, localizado na frente do Pateo do Collegio, no centro de São Paulo, o sonho do menino italiano se tornou realidade. Depois desse monumento, muitos outros foram construídos em São Paulo (incluindo o do bairro da Lapa), no Brasil e no mundo, e hoje já está presente em 25 países.

Por tudo isso, não é difícil perceber a razão do Marco da Paz ter sido indicado para o Nobel da Paz 2015, sendo o único do Brasil a concorrer ao famoso prêmio.

Gaetano, hoje com 78 anos, atua como assessor especial da presidência da Associação Comercial de São Paulo e prepara um livro sobre o Marco da Paz. Ele finaliza com uma verdadeira lição de vida: “O ser humano nasceu para construir e não para destruir. Devemos desenvolver a cultura da paz que está em nós, valorizando o bom relacionamento entre as pessoas. É uma vergonha, em pleno século XXI, ainda estarmos em guerra, sendo que todos gritam pela paz. Temos de nos unir, cultivar a espiritualidade e fortalecer os bons sentimentos. Só assim seremos realmente humanos e felizes.” (ND)