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O Teatro Mágico tem um público fiel com seu trabalho de qualidade.
Gustavo Anitelli é o produtor executivo da banda que teve sua origem em Osasco. Ele é morador do Alto da Lapa desde 2014. Eventualmente, promove em sua residência animados saraus, com a presença de músicos, gente do meio artístico e até políticos, como o prefeito Fernando Haddad. “Nesses saraus, reunimos a classe musical para conversar sobre as políticas públicas de cultura. E sempre tem alguém dando uma canja, é claro”. A cantora Tiê é uma delas.
Para Gustavo, que vai lançar em agosto um livro que é a tese de seu mestrado, “nunca tantos ganharam tanto com a música, incluindo o Teatro Mágico. Para quem nos critica por liberarmos o download gratuito, digo que quem baixa a nossa música é porque gosta do nosso trabalho e quem estiver antenado com o mercado, com criatividade vai ganhar dinheiro”.
Ele aproveita a oportunidade para lamentar a falta de política pública para o segmento da música. Lembra o recente corte pelo governo do Estado para escolas de música, como a Tom Jobim. “Fundamental para a formação de novos músicos, muitos de classes menos privilegiadas. É preciso que os governantes tenham uma compreensão de aproveitar o lado musical do Brasil em todos os segmentos, ou seja, popular, evangélico, instrumental…”
O Teatro Mágico teve início em 2003 quando Fernando, irmão de Gustavo e vocal do grupo, decidiu formar uma banda que pudesse mostrar seu trabalho fora do esquema de produção e divulgação das grandes gravadoras. Eles apostaram na internet e redes sociais para promover o trabalho de maneira mais democrática. Deu certo! Fazendo uma média anual de 90 shows por todo o Brasil, o Teatro Mágico lançou cinco CDs e três DVDs. Hoje, a banda se tornou uma referência na América Latina, com estética própria, apresentações performáticas e uso da internet para divulgar trabalhos, shows e uma linha de produtos em sua loja virtual.
A gratuidade de todas as faixas de música e vídeos produzidos também é uma característica do grupo. O grupo foi o pioneiro no Brasil ao disponibilizar suas músicas para download gratuito, quando poucos faziam isso. Essa interatividade gerou números robustos na internet. Segundo Gustavo, “são mais 20 milhões de views no YouTube, 151 mil seguidores no Twitter, quase 19 mil no Instagram e mais de 1,1 milhão de likes no Facebook e 158 mil seguidores no Google Plus”.
As vendas de CDs ultrapassaram a casa dos 500 mil, que os fãs podem comprar nos shows ou através da loja virtual. Isso garante uma carreira independente. “Nos conectamos diretamente com o nosso público, que se formou principalmente pelo boca a boca nas redes sociais. Somos pela defesa da música livre. Quem quiser baixar nosso trabalho, pode fazê-lo sem problema algum. Por isso nunca fomos pirateados”, afirma.
Gustavo, que também é músico mas prefere ficar nos bastidores, define a música que o grupo faz como “rock brasileiro”. Ou indie rock e folk rock, como definem. Uma das marcas registradas da banda é a caracterização dos músicos. Gustavo explica que a inspiração veio do livro O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse, escritor ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1946. “Sempre nos apresentamos assim, é nosso entendimento que a pluralidade artística no palco poderia construir e enriquecer nosso trabalho artístico, incluindo intervenções poéticas e performáticas”. Bailarinas acrobáticas fazem parte da trupe.
Na atual formação, a banda tem músicos experientes, que trabalharam com gente como João Bosco, Hermeto Paschoal, Milton Nascimento, entre outros. Fernando Anitelli (voz, violão, guitarra), Daniel Santiago (guitarra e direção musical), Serginho Carvalho (contrabaixo), Rafael dos Santos (bateria), Ricardo Braga (percussão), Guilherme Ribeiro (teclados), e as artistas performáticas Andrea Barbour e Kátia Tortorella. Todas as faixas dos CDs são autorais, criação dos irmãos Gustavo e Fernando, e Daniel Sampaio.
A nova turnê que recebeu o título de “O Tudo Numa Coisa Só” comemora seus 11 anos de existência. No repertório dos shows que estão fazendo pelo Brasil inclui toda a trajetória do Teatro Mágico, entre as músicas não faltarão sucessos como “O Sol e A Peneira”, “O Anjo Mais Velho”, composta em memória de um irmão de Gustavo e Fernando, morto em 2012, e “Amanhã…”, entre muitos outros.
CDs: “Entrada Para Raros” (2003), “Segundo Ato” (2008), “A Sociedade do Espetáculo” (2011), “Recombinando Atos”, ao vivo (2013), “O Grão do Corpo” (2014). DVDs: “Entrada Para Raros” (2007), “Segundo Ato” (2009), “Recombinando Atos” (2013).
