A história que o Luizinho contou ao Guia Daqui Lapa Leopoldina sobre como ele decidiu torcer pelo time de futebol que até hoje é o seu clube do coração, mostra que desde cedo ele foi um menino muito querido. “Quando eu tinha oito anos de idade, três colegas de sala de aula se juntaram e cada uma delas tinha nas mãos uma camisa de um time de futebol – Corinthians, Santos e Palmeiras, e me pediram para eu escolher qual o time que eu gostaria de torcer”, lembra.
Enquanto o Luizinho contava a sua história, ao mesmo tempo pintava um par de sapatos, cujo cliente aguardava ali mesmo, sentado na cadeira elevada da Caixa de Sapateiro, presente que ganhou, em 1970, de um comandante da Policia Militar.
Nascido no Paraná, viveu parte da infância em Ipaussu, interior de São Paulo, e depois veio para a capital. Atualmente, mora no bairro de Morro Grande, mas há 40 anos trabalha no ponto que fica na esquina da Rua Nossa Senhora da Lapa com a Rua Trajano.
Durante o período da entrevista, muitas pessoas cumprimentam o Luizinho em sinal não apenas de amizade, mas também é um gesto de reconhecimento como exemplo de força e garra. A paralisia infantil que o acometeu aos 12 anos de idade não fez dele uma vítima que lamenta a sorte, pelo contrário. Foi com muita positividade que Luizinho superou todos os desafios que encontrou na sua vida.
Pai de cinco filhos, o engraxate mais conhecido da Lapa enfrenta cerca de oito quilômetros todos os dias para chegar até o local de trabalho. No meio do trajeto, o guerreiro Luiz Carlos Coutinho Simões, o nome verdadeiro de Luizinho Engraxate, por iniciativa própria, passa pela Praça Edgar Facó para fazer a manutenção do local.
Ali, ele faz a limpeza e cuida das plantas. O lixo que recolhe é acondicionado em sacos plásticos que ele leva de casa. E isso tudo, o Luizinho faz sem pedir ajuda de ninguém. Isso mesmo, nenhum incentivo, público ou privado, é destinado para ajudá-lo nessa empreitada diária que pratica com disciplina de um soldado.
Perguntado sobre o que poderia tornar o mundo um pouco melhor daquilo tudo que o Luizinho enxerga, o guerreiro responde sem hesitar: “Precisamos acabar com o preconceito, porque isso é o que nos deixa tristes, afinal, o que pode ser melhor, você receber uma palavra amiga ou se afastar de mim por achar que sou doente?”. Questiona com a filosofia de um mestre, virtude tão evidente na figura do Luizinho, O Engraxate. (CT)