Independente da idade,
 todo mundo já ouviu falar no personagem Jeca Tatu, criado por Monteiro
 Lobato e brilhantemente personificado por Amacio Mazzaropi, descendente
 de imigrantes italianos e portugueses, que trabalhou em circo e rádio,
 antes de se consagrar nas telas do cinema.
A jornalista e escritora
 Marcela Matos trabalha para o Museu e o Instituto Mazzaropi há dez anos
 e há três resolveu desenvolver e documentar a história dessa importante
 figura brasileira. O livro, “Sai da Frente! A Vida e a Obra de
 Mazzaropi” (Ed. Desiderata), acabou de ser lançado. “Eu acompanhei
 nesses anos a tentativa de resgate da história do Mazzaropi. Quando ele
 morreu, em 1981, a história ficou toda perdida porque houve uma briga
 enorme pela herança”, conta. Ele não tinha herdeiros e sua mãe já
 estava bastante velha. 
Marcela foi se “interessando cada vez mais
 pela figura dele, que ia muito além do cinema. Ele era um empresário,
 teve a visão de construir mesmo uma indústria do cinema nos anos 1970
 no Brasil”. O trabalho começou com uma pesquisa em matérias de jornal e
 documentos disponíveis no museu. Ela também assistiu a todos os filmes
 de Mazzaropi na ordem em que foram feitos e entrevistou pessoas que o
 conheciam. “E a história dele é apaixonante, porque ele tinha uma
 cabeça muito à frente do tempo dele”, diz ela.
Durante a pesquisa, a
 jornalista se surpreendeu com o modo como ele era maltratado pela
 crítica. “Ele podia parar o trânsito de São Paulo de tanta gente que
 tinha na estreia, mas a crítica era sempre muito dura”, alega. Por
 outro lado, ela mostra como ele conseguiu criar uma indústria do cinema
 sem ajuda do governo ou de financiamento externo. O livro também traz
 muitas fotos da vida de Mazzaropi e pôsteres dos filmes, todos do
 acervo do Instituto Mazzaropi, que fica em Taubaté.
Este é o quarto
 livro de Marcela, que mora na Vila Romana há pouco mais de um ano. Ela
 já escreveu dois, mais técnicos e uma biografia sobre Yolanda
 Figueiredo, criadora da Casa Cor.
“O livro mostra um outro lado
 dele, porque a gente conhece o Jeca do cinema. E com o livro a gente
 vai conhecer o outro lado, quem era esse sujeito que cativou o Brasil
 todo até hoje. Qual era o segredo para fazer tanto sucesso e um sucesso
 que não acabou com a morte dele, um sucesso que permanece”, ela
 finaliza.
 marcela.matos@uol.com.br
 
 
  
 



























