Imigração japonesa

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Neste ano de 2008 comemoramos um centenário muito importante: o da Imigração Japonesa. Para marcar esse importante momento, vamos publicar até o mês de junho um artigo mensal com um assunto ligado à colônia japonesa. Convidamos para esta tarefa Celina Yano, que é uma yonsei (4ª geração) e muito antenada com o que acontece na região. É produtora cultural e administra o Yano Restaurante. E para dividir a tarefa, a Dra. Vera Lúcia Sugai, psicóloga clínica, escritora, sócia-diretora da Academia Kitô e presidente da Associação Unijudo, focada na educação de crianças, jovens e adultos. A seguir, o texto de estréia.

100 anos
Entre a feijoada e o sushi

Acredito que o imaginário de muitos deva estar aguçado com as conquistas e dificuldades vivenciadas pelos imigrantes japoneses e seus descendentes nos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil.
Entre feijoada, pizza, vatapá e carne-seca, tudo no caldeirão do Brasil, seria impossível imaginar que haveria um ponto de intersecção com sushi (arroz temperado com açúcar e vinagre), manju (doce de feijão) e sashimi (peixe cru) comidos com palitinho ou com as mãos.
Mas hoje, para nossa surpresa, churrasco com sushi é um dos cases de maior sucesso, que vem contribuindo para a difusão da arte da culinária japonesa no Brasil. Até em supermercados encontramos atum e salmão, quando até muito pouco tempo só encontrávamos produtos importados escondidos no bairro da Liberdade.
Ricas experiências, relatos de vida nos chegam: o delicioso oniguiri (bolinhos de arroz) da “Bachyan” (avó), o manju, a vida que mudou após o ikebana (caminho através dos arranjos florais), o obentô (lanche japonês) da sogra, o aprendizado do judô (arte marcial de defesa), entre outros, todos embargados num enorme sentimento de carinho e admiração. Isso comprova que a maior concentração de japoneses fora do Japão se encontra totalmente integrada, exercendo uma notável influência na cultura e no desenvolvimento do nosso país.
Neste espaço gentilmente cedido pelo Guia DAQUI Lapa, gostaríamos de prestar homenagens à contribuição da comunidade nipônica ao progresso da nossa região – Lapa e Leopoldina –, e à participação dos imigrantes japoneses e de toda uma elite de profissionais das demais gerações.
Gratidão é o sentimento que nos envolve, virtude tão cultivada pelos japoneses, e toda essa convivência é um presente de sabedoria. Um legado em que a tenacidade, a persistência e a coragem se mostram ao longo dessa aventura além dos mares da sua pátria natal, como também o grande respeito aos seus semelhantes e o amor incondicional à natureza. Eles tão bem nos ensinaram o valor do trabalho para a construção de um ser humano melhor e para um mundo melhor, tarefa que cada um, por certo, gostaria de ter feito em seu país natal.
Com os votos de que comemoremos muitos mais 100 anos de imigração, estimulamos a reflexão de como será o nosso Brasil amanhã. Como desejaríamos que fosse e o que estamos fazendo para que isto se torne tão real quanto os 100 primeiros anos festejados este ano.
Ousamos dizer que nossos japoneses, descendentes da comunidade nipo-brasileira, são únicos. Herdamos as qualidades dos nossos ancestrais e acrescentamos a isso o calor das terras do Brasil, o tempero, a alegria e a espontaneidade dos brasileiros.

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