Arte marcial criada em 1882 pelo sansei (mestre) japonês Jigoro Kano, o judô (caminho suave) é um esporte que reúne três princípios filosóficos: ju (suavidade), jita-kyoei (bem-estar e benefícios mútuos) e zenyo (máximo de eficiência com o mínimo de esforço).
O esporte no Brasil chegou no século passado e é o esporte individual que mais deu medalhas olímpicas para o País. São 22, sendo 4 ouros, três pratas e 15 bronzes. O judoca Chiaki Ishii, bronze na categoria de meio-pesado na Olimpíada de 1972, em Munique (Alemanha), ganhou a primeira medalha olímpica para o Brasil. Segundo a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) há mais de um milhão de praticantes em todo o Brasil.
Fundado em 2005 na Lapa, o Projeto Budô, é uma das academias onde alunos de todas as idades podem praticar a arte marcial. Vinicius Erchov é o mestre responsável e foi o primeiro brasileiro a obter o certificado de eficiência técnica pelo Instituto Kodokan, no Japão, em 2013. Vinícius já ganhou três vezes o campeonato mundial de Kata e 12 vezes campeão paulista.
Com o lema de ser “mais que uma academia, uma escola para a vida”, Vinicius conta que o projeto teve início no extinto Colégio Mário de Andrade, Associação Cultural de Judô Carlos Penna e Associação de Judô Alto da Lapa. Desde 2015 está no atual endereço e oferece aulas para crianças a partir dos 4 anos e meio.
Para Vinicius, “a ideia é trabalhar o judô na formação do bom caráter e que possam transformar a sociedade em algo melhor”, define a filosofia que aplica aos judocas. Professores e alunos participam regularmente de competições e eventos esportivos da modalidade e “nossa máxima prioridade é trabalhar a arte marcial para formar campões da vida, que sejam pessoas educadas, disciplinadas, honestas, tolerantes, com senso de igualdade e justas!”, resume. Conta o sansei (???) que “dezenas de alunos se sagraram campeões brasileiros e paulistas. E por 10 anos consecutivos, fomos a equipe campeã em todas as competições técnicas no Brasil”. A maioria dos alunos do Projeto Budô é da região da Lapa.
Aos oito anos, a judoca faixa cinza Nadia Egute Della Torre pratica o judô na Budô desde os seis anos. A mãe da Nádia, Cacá Egute, diz que “o judô foi muito importante para controlar a ansiedade dela. Mas além do esporte, na academia, ela aprendeu que cada um deve fazer a sua parte para todo mundo ficar bem. A Nádia é responsável em organizar e carregar sua mochila. Isso cria responsabilidade à criança e é bom para os pais e mães. Destaco que na Budô tem um espaço com venda de produtos onde cada um escolhe e paga pelo produto e se precisar faz o troco. E se não tiver dinheiro na hora, anota o débito em uma lousa. E os maiores ajudam os menores. E funciona super bem!”, explica.
Toda sexta-feira, a academia recebe crianças de 6 a 14 anos, em parceria com uma ONG de Pirituba. “Providenciamos o transporte e aqui elas têm aulas de judô como os outros alunos. Nosso objetivo é dar perspectivas às essas crianças por meio do judô em um ambiente acolhedor e benéfico”, lembra o mestre.
Neste período de quarentena por conta da Covid-19, Vinicius informa que “as aulas estão suspensas por tempo indeterminado. Através das redes sociais, propomos atividades para fazer em casa a cada semana para manter o judô no hábito, na mente e no coração. Vamos praticar o judô fora do tatame, mas juntos!”. (GA)
Projeto Budô, Rua Antonio de Mariz, 123, Lapa, Telefone 98222-0115,
http://projetobudo.com.br/