A cultura japonesa é fortemente influenciada pelo taoísmo, filosofia que deu origem ao confucionismo, base da fé e religiosidade do Extremo Oriente. A comida não poderia ficar de fora.
A presença de fortes cores, de arranjos que beiram a arte, ou dito de outra forma, uma comida para se comer com os olhos, busca refletir esta integração do homem como parte da natureza e do belo. Mais do que isto, comer para o japonês é uma celebração, realizada cotidianamente e nas ocasiões solenes, como nas bodas e até nos funerais. Celebra-se a vida, entendida como evolução, com suas passagens, suas conquistas e suas perdas.
Mais do que privilegiar os sentidos, a culinária japonesa espelha uma forma de se relacionar com a natureza, que deve ser evocada e propagada. Cheia de significados, desperta a curiosidade e força a reflexão, em detalhes como o hashi, substituto natural do garfo e da faca, tidos aos olhos orientais como armas de agressão, instrumentos que ferem, incompatíveis com o ritual da refeição.
No momento em que se celebra o centenário da imigração, nada mais natural que evocar a culinária japonesa, até porque, como lembrou o culinarista japonês Okumra Sensei, em recente visita à Fundação Japão, ser o Brasil o país que mais concentra restaurantes japoneses fora do Japão. Esta concentração, por força de sua dimensão, além da preservação das técnicas gastronômicas japonesas, evolui na criação de novos pratos a tal ponto que já se fala da Nova Cozinha Nipo-Brasileira.
Esta adaptação ao paladar brasileiro, implicou numa recomposição dos três sabores básicos presentes nos pratos japoneses: o salgado, o azedo e o doce. Ilustra esta estranha combinação o peixe cru (sashimi), o arroz sem sal e empapado (do sushi), o feijão com açúcar (do manjú) e o molho preto (shoyu).
A proliferação de restaurantes japoneses em nossa região, apenas comprova a regra, onde nota-se a presença cada vez maior de uma clientela jovem, seduzida por esta nova cozinha bem ao gosto do brasileiro, onde temperos regionais foram incorporados para dar um sabor mais familiar ao paladar tropical, atestado pela presença cada vez maior de sushimans imigrados vindos da região nordeste do Brasil.
Bem ao princípio Yin e Yang, esta nova combinação busca o equilíbrio dos opostos, sem a eliminação do outro, transcende o “certo e errado”, ou “bom e ruim”, “doce e o azedo”, numa superação que transcende os limite da limitação deste dualismo típico da lógica ocidental.
No bairro da Leopoldina, duas empresas tiveram um papel importante, de início para a disseminação da culinária japonesa e posteriormente na preservação de seus fundamentos. A Agro Nippo, uma das maiores empresas de alimentos típicos japoneses distribuídos para todos os cantos do Brasil e o Grupo Yano que há 30 anos é referência para a colônia japonesa e seus apreciadores, para a realização de eventos sociais, empresariais e culturais em que a sua atuação no setor de alimentação é mesclada com a preocupação de difundir a filosofia de vida japonesa e sempre ressaltando o caráter educativo.