“Quem ama não mata”

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Luiza Eluf, moradora da Lapa é uma profissional do direito. Foi Procuradora da Justiça de São Paulo, hoje está aposentada. Tem um escritório de advocacia. E escreveu o livro “A paixão no banco dos réus” sobre crimes passionais e femininicídios.

Formada em direito pela Universidade de São Paulo do Largo São Francisco, Luiza Nagib Eluf se destaca pela sua militância política e defesa dos direitos das mulheres. Em 1990, fez parte do grupo de juristas que reformou o Código Penal de 1940. Esteve na delegação oficial do Brasil, em 1995, em Pequim (China), na Conferência Internacional da Mulher patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Paulistana e moradora do Alto da Lapa desde 1998, foi sub-prefeita da Lapa nos anos 2007-8. Atualmente, tem um escritório de advocacia, preside o Instituto de Águas (Ináguas) voltado pela preservação das águas e principalmente contra a ocupação irregular das margens da Represa Billings. Foi candidata à deputada federal (2014) e vereadora (2016). “Neste ano não vou me candidatar”, afirma.

Luiza Eluf-A Paixão no banco dos réus-Saraiva-Capa

Colabora com revistas e jornais e têm vários livros publicados, entre eles o best-seller “A paixão no banco dos réus” (Saraiva, 2017, 9ª edição), que já vendeu mais de 100 mil exemplares. O livro relata 17 crimes de morte. Entre eles, o assassinato de Eloá Pimentel por Lindemberg Alves e de Sandra Gomide pelo jornalista Pimenta Neves.

Para a Dra. Eluf “é impressionante a capacidade das pessoas de brigar e discutir”, quando o relacionamento chega ao fim, “e não procuram chegar a um acordo que seja bom para ambos. Parece que falta sanidade às partes. Há uma supervalorização da fidelidade. As pessoas não sabem lidar com o sexo e todo mundo quer na verdade, sufocar, escravizar o outro”, diz.

Sobre a paixão, a Dra. Eluf cita uma pesquisa norte-americana. “Ninguém fica apaixonado mais de três ou quatro anos. A pesquisa estudou o tempo que dura uma paixão. Se pensarmos bem, a paixão tem um prazo de validade, senão a pessoa morre, se autodestrói. A paixão nos faz pensar naquela pessoa o tempo todo. A paixão pode durar dois anos ou um mês. De repente aquele fogo acabou, apagou. A novidade deixa de existir e as pessoas voltam ao seu normal”, diz.

Após os quatro anos de ‘validade’, a paixão muda, segundo Dra. Eluf, “Aquele fogo intenso, a atração física forte vai aos poucos, se desgastando e entra na rotina. E quem diz que isso não é verdade, é porque antes do fogo acabar, já estava em outra relação e reacendeu o fogo com outro alguém”.

A sociedade, décadas atrás, tinha outros valores em relação aos relacionamentos. “Ao nascer muitas pessoas já tinham definido o seu futuro, com quem iria casar. Era um padrão. As pessoas casavam para ter uma família socialmente constituída, criar filhos e manter o patrimônio. Os homens nunca foram fieis, mas para enganar as trouxas das suas mulheres! Naquela época os homens diziam que eram fieis, mas nunca encontraram obstáculos para ter quantas mulheres quisessem ter, amantes, outras famílias. Isso era possível para os homens daquela época. Com o passar dos tempos, mudaram alguns aspectos mas ainda não acabou esse comportamento de domínio do homem sobre a mulher. Os homens podem tudo e as mulheres não podem nada! Hoje temos facilidade para terminar um casamento. Ninguém precisa ficar com quem não quer. Mas parece que a sensação de dominação dos homens continua. A constituição garante direito e obrigações iguais para os dois.

“Em 2016, foi criado a lei do feminicídio (assassinato de pessoa do sexo feminino), Porque seus maridos, namorados acham que têm direito de vida e morte sobre elas. Na hora da separação, as mulheres querem a liberdade, o direito de viver com outras pessoas. Os ex-companheiros não se conformam e matam. O homem que mata a esposa porque acha que foi traído, rejeitado ou trocado por outra, em geral, confessa o crime. Para ele não tem sentido matar a mulher se o resto da sociedade não souber que foi ele o autor”, explica.

Publicar fotos íntimas nas redes sociais fotos íntimas da namorada é uma “vingança de quem foi abandonado, é crime e seus autores não ficam impunes. Acho que as mulheres não deveriam ligar a mínima pela divulgação das fotos. A Justiça ainda é lenta e demorada, sem corpo técnico suficiente para tratar dessas questões.  Mas lembra a advogada que “A mulher que é vítima desse crime, além de se prevenir e se sentir ameaçada deve denunciar à polícia”, afirma. (GA)

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