A vitória da natureza

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Artista, morador da Lapa, cria arte a partir de peças descartadas no lixo, utilizando plantas, musgos entre outros elementos naturais.

Após frequentar a faculdade de Publicidade, Rodrigo Bueno, morador do bairro da Lapa, decidiu seguir o caminho oposto ao das campanhas em prol do consumismo: resolveu ser artista. “Fiquei muito frustrado com a publicidade, que manipula mentes e cria nas pessoas a necessidade de consumo. Tive medo no início, pois não sabia se ganharia dinheiro sendo artista, mas fui atrás do meu sonho de verdade para não contrariar o meu espírito. Naquela época também vivenciei a morte de um irmão, que foi assaltado e baleado no dia do meu aniversário de 27 anos. Esse fato influenciou ainda mais minha escolha e me despertou para a necessidade urgente de viver a minha vida com mais intensidade, idealismo e intenção”, conta.

Rodrigo fez muitos cursos de Arte fora do Brasil e, no exterior, percebeu a sua ligação profunda com as forças da natureza, tanto brasileiras quanto universais, assim como com a espiritualidade das coisas. Seus quadros, pinturas, peças escultóricas lúdicas, funcionais ou não, e jardins, tanto verticais quanto sobre mobiliários, transmitem muitas mensagens e levam o espectador a refletir sobre o nosso atual estilo de vida e sobre a nossa existência, tão desvinculada da natureza. “O homem esquece que faz parte da natureza. Ele se sobrepõe a ela de maneira arrogante e desrespeitosa. Aqui em nosso país, então, vemos a elite menosprezar totalmente o que considera refugo. O lixo de nossas cidades, tanto o industrial quanto o orgânico, é jogado nas periferias, sendo reaproveitado apenas pelos mais pobres, que dão um show de criatividade com esse material. É como um tapa na cara da sociedade de consumo. Minha real inspiração, o que me move de verdade é o refugo que se transforma em arte, que se integra novamente aos ambientes, com a interação dos elementos naturais”, revela o artista. 

Seu ateliê, chamado de Mata Adentro, que também é o local onde reside, está localizado na Lapa, num antigo galpão onde antes funcionava uma oficina e, originalmente, uma siderúrgica. “Este lugar tem uns 80 anos. Aluguei o local bem degradado e fui transformando… quebrei o concreto e vi brotar plantas do chão. Construí meu quarto num mezanino, utilizando a madeira que restou de um antigo palco e fui agregando elementos… precisei deste espaço amplo, que comporta perfeitamente a minha oficina e também o meu estoque de materiais descartados, que retiro das ruas”, explica.

Bem requisitado dentro e fora do Brasil, Rodrigo tem uma agenda repleta. Quem quiser saber sobre as exposições do artista, pode acessar seu site.

Ateliê Mata Adentro
www.mataadentro.com.br

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