O fim da sacolinha

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O fim da sacolinha

Dia 15 de dezembro de 2011, o presidente da Associação Paulista de Supermercado (Apas), João Galassi e o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab assinaram um protocolo de intenções, na sede da Prefeitura Municipal, para a implantação da Campanha Vamos Tirar o Planeta do Sufoco na cidade. A partir do dia 25 de janeiro, os supermercados vão deixar de distribuir as sacolas plásticas. Hoje, a cidade consome mensalmente 665 milhões de sacolas descartáveis. A ação une o setor supermercadista, o poder público, a população e ambientalistas na conscientização sobre o uso sustentável das embalagens. A Apas reúne 1.200 empresas associadas, com um total de 3 mil supermercados distribuídos nos 645 municípios do Estado de São Paulo. Para falar sobre os efeitos que essa ação terá para o setor e para o consumidor, entrevistamos o superintendente da Apas, Carlos Correa. Formado em administração de empresas, pós-graduado em marketing pela ESPM e mestrado pela USP.

Qual é o ganho que os supermercados terão com essa ação?
Há seis e sete anos estamos sendo impactados pela imprensa e pelos órgãos do governo com relação à destinação do lixo. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos veio para regulamentar isso. O que tem que ser feito é muito maior do que somente não utilizar sacolas descartáveis nos supermercados. A Apas está trazendo à tona a questão que envolve toda a sociedade. Até então, não se previa o custo que haveria do meio ambiente. Houve uma proliferação desse uso por conta do aumento da população mundial e principalmente pelo aumento, graças a Deus, do poder aquisitivo das pessoas. As pessoas de renda inferior passaram a ter no mundo, e não apenas no Brasil, melhores condições de consumo. E se o consumo não for regulamentado e regularizado nós vamos ter problemas no futuro.

Por que o setor supermercadista entrou nessa campanha?
A sacola é algo visível na loja, e é uma porta de entrada muito forte de entendimento e de colaboração com o consumidor. Assinando com a Prefeitura de São Paulo um protocolo de intenções. É uma campanha, e quem participa faz isso espontaneamente.

O consumidor está preparado para essa mudança de consumo?
Achamos que a sociedade está madura. Não achamos que este processo será mudado de um dia para o outro. É um processo que exige o entendimento de todos os participantes. O consumidor precisa saber que ele tem alternativas e o supermercado que é o local aonde as pessoas vão com maior frequência.

Quais outras ações que precisam ser implementadas?
Há outros pontos que devem ser trabalhados como as embalagens da indústria. Elas já estão sendo diminuídas e condensadas. O setor supermercadista viu nisso uma forma de atuação. Não somos bonzinhos. O mundo atentou para isso recentemente e o nosso setor está tentando auxiliar esse processo. A sacola para nós não é produto de comercialização. Ganhamos dinheiro vendendo produtos e não nas embalagens. Hoje o segmento de supermercados atua em diversos formatos com uma capilaridade gigantesca e com uma competitividade gigantesca.

O preço dos produtos na gôndola do supermercado vai cair?
Existe uma estrutura de custo dentro de cada supermercado. Diariamente entram produtos com preços mais altos e preços que abaixam. Você provavelmente não vai conseguir ver o quanto o supermercado está economizando em sacola plástica. Porque isso está contido na gama da estrutura de custo do supermercado. Com certeza com a competitividade que o setor tem, todo mundo vai extrair o valor do custo da sacola do seu custo e isso deve significar uma redução de preço. Mas a dinâmica disso faz com que haja outros custos e isso está embutido no custo total. Mas não obrigatoriamente o consumidor vai ver/sentir no preço daquele produto que ele está comprando.

O supermercado é um ponto de conscientização para a população?
Uma parte importante é a parte do pensamento do meio ambiente. O supermercado vai investir os recursos que gasta com sacolas em campanhas de conscientização. Há outras coisas que precisam ser feitas pelo meio ambiente, como os ecopontos nas lojas. Os mercados menores têm dificuldades físicas para implantar isso.

Por que a campanha foi lançada só agora na Capital?
Nós deixamos para fazer o lançamento da campanha pelo fim da sacola plástica em São Paulo porque nós entendíamos que haveria uma necessidade de um período maior para você fazer a distribuição de todo esse trabalho em todo o estado. A partir do instante que nós já temos uma gama de trabalho de adesão de cidades pelo estado, o importante não é o número de cidades e sim na quantidade da população que já foi impactada pelo nosso trabalho que chega a 26 milhões de pessoas. Isso representa mais da metade da população do estado. Com o lançamento da campanha na capital vamos incluir a também as cidades da Grande São Paulo de forma efetiva e através da participação das outras cidades com as próprias redes que têm uma capilaridade por todo o estado.

São Paulo servirá de exemplo para outras cidades do país?
A campanha na capital vai permitir a capilaridade da campanha de uma forma ostensiva para chegar ao total da população do estado. Não estamos pensando no supermercado, estamos pensando na população que estamos impactando neste processo de conscientização. Os estabelecimentos que não aderiram deverão entrar até por consequência da imprensa e da população que vai perguntar para ele porque aquele supermercado não está participando? Quem está fora vai participar. A pressão foi colocada no nosso setor para que a gente refletisse sobre esse problema há quatro anos atrás. E ela vai ser reduzida com relação aos supermercados como um todo. Os associados que ainda não entraram na campanha, por esquecimento, por um ainda não entendimento, não conscientização, ou por ser mais conservadores, vão entrar no momento seguinte. Quando notar que o concorrente entrou na campanha ele vai ter de explicar porque está fora da campanha. Agora é o momento da virada para todo mundo. Com a cobertura da mídia, do estado e das entidades de classe e de meio ambiente participando. Depois do exemplo que Jundiaí deu para o estado de São Paulo, será o exemplo que o estado dará para todo o Brasil. As associações estaduais estão muito ligadas na Apas, porque elas querem fazer a virada deles e precisam da nossa força aqui em São Paulo. E temos o apoio do Ministério do Meio Ambiente.

Os pequenos mercados, vão conseguir participar da campanha pelo fim da sacola plástica?
Sim. Nos mercados menores, a quantidade de compras é de conveniência onde o consumidor vai fazer pequenas compras. Há alternativas de criatividade de supermercados muito interessantes. Tem lojas que batem palmas quando o cliente leva sacolas retornáveis. Um supermercado do interior nos contou que ele não vai dar sacola. Ele não quer fomentar o consumo de sacolas reutilizáveis, porque isso não é o conceito. Qualquer coisa excessiva é ruim. E esse mercado como conhece os seus clientes e quando o cliente for na loja e não tiver sacola, ele vai emprestar uma para o consumidor e fazer o registro. Em um retorno ele devolve ou então debita a sacola para o cliente. Ele não vai deixar de vender. Os supermercados são de uma criatividade fora do comum e de maneira local. Serão inúmeras alternativas para serem feitas desde a que premia o consumidor que leva sua sacola e não é através de dinheiro e sim com reconhecimento. Emprestar sacolas e outras formas. A indústria, por sua vez, pode fazer sua parte nesta ação.

As sacolas reutilizáveis substituirão as descartáveis?
Nós achamos que a sacola reutilizável é conveniente se o consumidor se sentir confortável. O supermercado não quer ganhar dinheiro com a venda de sacolas reutilizáveis. Até nos brindes de final de ano foram incluídas as sacolas reutilizáveis. Muitos setores, fora do nosso já estão trabalhando isso. Sacolas fashion, sacolas com assinatura de artistas conhecidos. Eu até mandei fazer umas sacolas reutilizáveis com o distintivo da Palmeiras para eu distribuir para os amigos (risos).

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