Pela quadras do mundo

0
1368

Josiane Aparecida Lima tem 21 anos, 1,82 metros e pode ser, em breve, uma das revelações do vôlei brasileiro. Apaixonada por esporte desde que era criança, Josi, que nasceu e sempre morou na Lapa, começou a praticar vôlei no Pelezão (Clube Desportivo Municipal Edson Arantes do Nascimento), na escola e não parou mais.
Descoberta pelos “olheiros” do esporte, pessoas que estão sempre em busca de novos talentos, ela foi para os Estados Unidos para jogar e estudar. De lá, alcançou a Europa, conheceu vários países e, agora, de volta ao Brasil, foi para Fortaleza, no Ceará, onde está se dedicando ao vôlei de praia. Patrocinada pelo Grupo Bandeirantes e pela Kalunga, a meta de Josi é o circuito brasileiro de vôlei de praia e, depois, as Olimpíadas.

Você começou a jogar vôlei bem cedo. Como foi?
Eu comecei a praticar esporte quando era criança até que fui chamada para participar de uma peneira no Paulistano. Passei na primeira. Joguei no Paulistano, no clube Pinheiros, no BCN, na Hebraica… Quando estava jogando na Hebraica, no juvenil, vieram vários técnicos dos Estados Unidos e me chamaram para ir jogar lá e fazer faculdade. Fui. Tinha umas dez opções, não sabia para aonde ir. Não falava inglês nem nada. E acabei indo para a Campbell University, onde havia brasileiros que poderiam me ajudar.

Em que você se formou?
Em comunicação. Sempre quis jogar vôlei, mas não se sabe o dia de amanhã. Depois disso fui para a Suíça. Achei uma experiência muito boa. Disputei a Copa da Europa, então fui viajar para a Alemanha, França, Bélgica, Tchecoslováquia… Deu para conhecer vários países na Europa. E eu voltei para o Brasil. Quando cheguei aqui recebi um convite para ir jogar em Las Palmas, na Espanha. Estava quase tudo certo quando apareceu a oportunidade de jogar vôlei de praia aqui no Brasil, o que eu achei muito interessante também. Larguei as quadras e tenho este projeto de disputar o circuito de vôlei de praia.

Por que essa decisão?
Foram vários os motivos. Um deles é que tenho 1,82 metros e para as quadras estou ficando baixinha! E também sempre achei legal jogar vôlei de praia. Decidi tentar. O primeiro torneio que joguei com minha parceira ficamos em segundo lugar. Acredito que vai dar certo. Vamos para Fortaleza para treinar, pois é lá que treinam as melhores duplas do Brasil e vamos começar a disputar o circuito.

Você tem 21 anos. É tarde para a carreira?
Depende de jogadora para jogadora. Tem quem consegue jogar até os 38, 39 anos. No meu time na Suíça a melhor jogadora tinha 39 anos. Então, vai depender. Tem quem para antes. Depende do condicionamento físico.

Que experiências você trouxe destes anos fora do Brasil?
Passei cinco anos nos Estados Unidos, um ano na Europa… Aprendi muita coisa, experiência de vida em tudo. Tudo que se possa imaginar. De lavar roupa a adaptação ao clima e às pessoas. Nos Estados Unidos eu estudava e jogava. Na Europa, só jogava. Treinava duas vezes por dia e viajava bastante. Tudo era patrocinado. Lá fora dão todo respaldo para o atleta.

É bem diferente a valorização…
Sim, nos Estados Unidos eles valorizam muito todo tipo de esporte. Eles têm muito dinheiro, então têm como cobrir tudo o que uma atleta precisa. E na Europa é a mesma coisa. Aqui no Brasil isso está começando agora e lá fora temos bons exemplos.

Você trocaria o Brasil para ir definitivamente para outro país?
Se eu estivesse jogando, sim. Mas só para morar, ficar longe da minha família, não. Fiquei muito tempo já. Lá fora ainda bate o Brasil por muito. Mas agora o foco é o circuito brasileiro. Vamos treinar por três meses para ficarmos bem preparadas e depois entrar no circuito, que começa em março. É possível começar em qualquer etapa. Tem dupla que não tem patrocínio forte, então escolhe quando quer entrar. Mas se tem um bom patrocínio pode participar de todas.

Você nasceu e foi criada na Lapa?
Sim. Mas meu pai é do Ceará, então tenho família lá. Mas vou sentir saudades da Lapa. E lá é só treinar mesmo. Treinamos de manhãzinha, antes do sol. Às seis da manhã tem que estar treinando. Depois vamos para a academia. Depois treinamos quando some o sol até a noite. Treinamos de segunda a sexta e se for preciso nos finais de semana. Meu objetivo é chegar na Seleção Brasileira. Vou treinar para isso. Quem sabe?

“Nem queira imaginar como foi difícil. Tenho mais dois filhos, mas cada um é um. A gente não tem noção do que vai ser quando um filho sai de casa, não sabemos como é lá fora. A gente vai acostumando, não que acostuma de vez. A gente não cria eles para a gente mesmo, né?”
Maria Aparecida Costa Lima – mãe

COMPARTILHE
Próximo artigoGente 296

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA