Patrimônio musical

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Kátia Gomes

Em se tratando de música, poucas formações resistem ao tempo e mantêm-se ativas por décadas. Um caso raro é a banda “Corporação Musical Operária da Lapa”, fundada pelo Maestro Chiaffarelli, com o nome de Lira da Lapa, e que completou 125 anos em 7 de setembro. Um patrimônio do bairro da Lapa.
Para Nestor Avelino Pinheiro, atual presidente e regente da Corporação, a banda passou por altos e baixos durante mais de um século de existência e quando a assumiu, há um ano e meio, estava esquecida até pelos próprios vizinhos. “Muitas pessoas batiam na porta perguntando se era uma escola de música”, diz. Desde que tomou posse, ele vem trabalhando para que a memória da Corporação Musical Operária da Lapa seja resgatada.
Uma das primeiras iniciativas de sua gestão foi retomar os shows, que estavam escassos nos últimos anos. Embora as apresentações tenham voltado a acontecer, Luiz Alves, que toca pratos e é tesoureiro da banda, conta que a Corporação continua em dificuldades financeiras já que a maioria dos eventos de que participou não foi remunerado, apenas havendo divulgação da banda.
Partituras
Outra questão a que Nestor se dedicou foi à recuperação de uma quantidade significativa de partituras que estavam praticamente abandonadas; e que são executadas, obrigatoriamente, pelos seguintes instrumentos (no mínimo, dois de cada): clarinete, sax alto, trompete, sax tenor, bombardino, trombone, genis, caixa, bombo e pratos.
“Até pouco tempo não tínhamos um número suficiente de componentes para tocar”, observa ele, que conseguiu subir a quantidade de músicos de dez para 26. Entre eles está o senhor João Tamburu, de 89 anos, 38 deles dedicados à Corporação. “Comecei tocando trompete, depois passei para o genis”, recorda o integrante mais antigo da banda.
Repertório
O repertório da banda é composto originalmente por dobrado e marcha militar. A fim de acompanhar os novos tempos, foram incorporados samba, bolero, valsa e marcha rancho. Em 2005, a banda conquistou um importante patrocínio do Shopping da Lapa, que originou o primeiro CD da Corporação Musical Operária da Lapa. As faixas trazem desde dobrados, valsas, sambas até hinos como o da Lapa, “que poucas pessoas conhecem”, observa o regente.
O CD pode ser adquirido na sede da Corporação a R$ 8,00 e tem renda revertida para a manutenção da banda, que sobrevive exclusivamente das apresentações. “Os músicos recebem um cachê simbólico, faltam uniformes e a sede necessita de pequenos reparos”, comenta o tesoureiro. “Gostaríamos de aumentar o número de shows para que, conseqüentemente, pudéssemos reformar a sede e passar a oferecer cursos de música para futuros integrantes da banda”, finaliza Nestor, com a esperança de que a história da Corporação se perpetue.

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